Tudo começa em casa.

Tudo começa em casa.

Big Brother Isabella
A cada dia que passa me surpreendo cada vez mais com a arrogância e descaso que temos uns pelos outros. Os nossos vizinhos fazem manobras arriscadas dentro da garagem dos nossos condomínios simplesmente porque acham que o seu tempo é mais precioso que o nosso. Pessoas com alto nível de formação escolar se comportam como “bichos” quando são submetidas a regras simples, como respeitar uma fila de Mac Donald’s ou de caixas eletrônicos de bancos. Mais que isso, assistimos freqüentemente gente que se acha muito importante, basicamente porque acredita que contas bancárias gordas lhes dão alguma superioridade moral, maltratar funcionários e subalternos, beirando a desumanidade. É por isso que caminhamos para o caos total, onde Pais de família são assassinados no trânsito por nada ou empregadas domésticas são espancadas em pontos de ônibus por jovens de classe média. O motivo deste artigo é defender uma posição pessoal de que esta situação é fruto de uma educação infantil sem limites.

Dados recentes mostram que os Pais convivem apenas durante seis minutos por dia com os filhos, enquanto no passado este período de variava de 45 minutos a uma hora. Como todos trabalhamos muito e temos pouco tempo para nos dedicarmos aos nossos filhos, acreditamos que este deve ser um momento mágico, e que críticas, orientações e correções de comportamento poderiam estragar a “magia” do momento. Alguns Pais também estimulam uma amizade forçada com os filhos, chegando até mesmo a abrir mão da hierarquia de que têm direito, e assim comprometendo a formação das crianças. Na minha opinião, os Pais têm papel de educadores, e os que abdicam desta posição, correm o risco de criar pessoas que não sabem lidar com a frustração, o que é um grande atalho para o uso de drogas e para a delinqüência. Eu sei que este artigo tem um tom muito agressivo, mas eu prefiro a agressividade do texto do que a que eu assisto todos os dias pelas ruas.

Em 1982, os criminalistas James Wilson e George Kelling descreveram a teoria da “Janela Quebrada”, que defendia a tese de que pequenas coisas poderiam simbolizar abandono, violência, falta de segurança, como por exemplo, janelas quebradas em prédios ou pichações em metrôs. Segundo estes pesquisadores, a janelas quebradas estimulariam atos de violência mais fortes e constantes. Esta teoria fez tanto sucesso, que hoje é aplicada para estimular melhorias empresariais, sociais e familiares. Obviamente, os nossos filhos não são bandidos ou assassinos, mas todas às vezes que não mostramos retidão e caráter, nos tornamos uma janela quebrada para uma boa educação, e as crianças se acham no direito de repetir o mesmo ato. Esta é a razão para que pequenos desvios de conduta das crianças devam ser submetidos a uma orientação rígida e constante, evitando-se assim que a transgressão de regras sociais não se torne um hábito, e para que a cidadania e o respeito ao próximo sejam estimulados.

A partir de agora, sugiro que nas oportunidades em que criticamos a atitude de alguém, que possamos refletir o que fazemos em casa para que este mesmo gesto não se repita com os nossos filhos. Tudo começa em casa.

Postado por:

Dr. Fernando Valério