01 fev 06
Apendicite Aguda

O que é?

Apendicite aguda é o nome dado à inflamação e a infecção do apêndice cecal. O apêndice cecal é uma extensão do intestino (ceco), com 6 a 10cm de extensão, que se situa no lado direito e inferior do abdome.
A inflamação do apêndice ocorre devido à obstrução do seu interior por fecalitos (fezes). Devido a esta obstrução, ocorre uma grande proliferação de bactérias, e assim instala-se um processo infeccioso, que pode ser leve ou intenso, dependendo do tempo em que o tratamento será realizado.

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Sintomas

O diagnóstico da apendicite aguda é feito, primeiramente, baseando-se nos sintomas referidos pelo paciente e no exame físico realizado pelo médico. A historia típica da apendicite é a de dor generalizada do abdome, associada à perda de apetite e náusea. Com o passar do tempo, a dor se instala na região epigástrica (estômago), seguindo para a região do umbigo, até finalmente se localizar na parte inferior e direita do abdome. Nesta fase, vômitos podem ocorrer. Em geral ocorre febre baixa (até 38 °C), elevando-se nos casos de perfuração do apêndice (“supurado”).
Ao exame físico, o paciente refere dor à palpação da parte inferior direita do abdome, com freqüente endurecimento da parede abdominal neste local. Os movimentos intestinais ficam mais lentos, o que é percebido pela distensão abdominal, pela diminuição da eliminação de gases e fezes, e pela diminuição dos ruídos intestinais. Nos casos de perfuração do apêndice, com contaminação de toda a cavidade abdominal com pus, todo o abdome ficará dolorido.

Exames

A maioria dos pacientes com apendicite aguda mostra alteração no hemograma, caracterizada por aumento do número das células de defesa (leucócitos), que variam de 10000 a 20000 células (o normal é de até 10000 células). O exame de urina também pode mostrar alteração, devido ao contato do apêndice inflamado com o ureter e a bexiga.
Quanto aos exames de imagem, os mais utilizados atualmente são a ultra-sonografia e a tomografia computadorizada de abdome. Estes exames mostram o espessamento do apêndice e a presença de pus ao seu redor (abscesso). Além disso, estes exames também são úteis para o diagnóstico de outras doenças que causam dor abdominal, e que podem ser confundidas com apendicite, principalmente nas mulheres (cisto de ovário, gravidez tubária). Os estudos atuais mostram que a tomografia computadorizada mostra maior eficácia do que a ultra-sonografia para os diagnósticos de apendicite aguda.

Tratamento

O tratamento da apendicite é a retirada do apêndice, cirurgia chamada de apendicectomia. No entanto, devido ao quadro infeccioso associado, todos os pacientes devem receber antibióticos, tanto no período pré-operatório, quanto no pós-operatório.
Atualmente, o método indicado para a realização da apendicectomia é a cirurgia vídeo-laparoscópica, realizada através de 3 pequenas incisões, e com o auxílio de um monitor. Este tipo de cirurgia permite uma recuperação mais rápida, devido ao pequeno tamanho das incisões, além de um melhor efeito estético. Além disso, a cirurgia vídeo-laparoscópica permite a inspeção de toda a cavidade abdominal, excluindo-se assim, outras causas de dor abdominal. Nos casos em que há um grande abscesso, há a necessidade de colocação de dreno para o completo esvaziamento do pus da cavidade abdominal.
O tempo de internação varia de 24 a 72 horas em média, dependendo sempre do aspecto do apêndice e da presença de pus no momento da cirurgia.

 

O que é? Apendicite aguda é o nome dado à inflamação e a infecção do apêndice cecal. O apêndice cecal é uma extensão do intestino (ceco), com 6 a 10cm de extensão, que se situa no lado direito e inferior do abdome. A inflamação do apêndice ocorre devido à obstrução do seu interior por fecalitos […]
01 fev 06

O que é?

O cisto pilonidal é uma inflamação que ocorre na região interglútea, na pele em cima do cóccix e sacro. Esta é uma doença que afeta mais comumente os adolescentes e adultos jovens, com o pico de incidência na terceira década de vida. O sexo masculino está acometido em 80% dos casos.

Como ocorre?

O termo pilonidal vem do latin pilus, que significa pêlo, e nidus (cisto), que significa ninho. Desta forma, é assim que o cisto pilonidal se desenvolve. O pêlo da região superficial ao cóccix e o sacro cresce para dentro da pele, funcionando como um corpo estranho, que causa um processo inflamatório e infecção subseqüente. Este corpo estranho se aproveitaria da vulnerabilidade da pele destes pacientes, e se aprofundaria nesta região, formando então, o cisto pilonidal.
O cisto pilonidal foi descrito pela primeira vez por um médico chamado Mayo, em 1883. Naquele período, se acreditava que o cisto fosse decorrente de um problema congênito da região. Atualmente a teoria mais aceita é de que o cisto pilonidal é realmente uma doença adquirida. A tendência que o cisto tem em recidivar é consistente com uma doença adquirida, já que caso contrário, a retirada do tecido mal formado resultaria na cura completa da doença.

Sintomas

Alguns pacientes são assintomáticos, mas apresentam uma pequena abertura na pele (orifício) da região sacro-coccígea, uns 5 cm acima do ânus. Os pacientes sintomáticos apresentam dor na região, edema (inchaço), vermelhidão, e saída de líquido purulento pelo orifício na pele. Em alguns casos, devido a intensidade do processo inflamatório e da infecção (abscesso), novos orifícios surgem na região, facilitando a saída espontânea do pus. Estes orifícios se comunicam por debaixo da pele, formando trajetos fistulosos, como se fossem “túneis”. Em alguns casos, devido a dor na região final da coluna (cóccix e sacro), algumas vezes o primeiro especialista a ser procurado é o ortopedista, que prontamente encaminhará o paciente ao proctologista.
Mais comumente, os pacientes apresentam saída crônica de líquido purulento pelos orifícios do cisto pilonidal, com períodos de melhora dos sintomas. Ao exame, os orifícios são observados, e algumas vezes é possível notar a projeção do pêlo através destes orifícios. Com a pressão manual sobre os trajetos fistulosos, é possível visualizar a saída de um líquido seroso e purulento.

Tratamento

O tratamento nos casos que se apresentam inicialmente como um abscesso da região deve ser a drenagem cirúrgica do abscesso, com a conseqüente retirada da secreção purulenta. Esta drenagem pode ser realizada com anestesia local, raquimedular ou geral, dependendo da intensidade do caso. Em alguns pacientes, este é o tratamento definitivo, principalmente naqueles acima dos 30 anos de idade. Deve-se salientar de que este tipo de evolução ocorre em menos de 40% dos casos submetidos a drenagem do abscesso. Os antibióticos têm pouco efeito nestes casos, e só devem ser utilizados em infecções graves ou em pacientes com comprometimento da imunidade.
No entanto, nos pacientes que apresentam a persistência do cisto, mesmo após a drenagem do mesmo, o tratamento cirúrgico está indicado. O procedimento cirúrgico ideal para estes casos é o que requer menor hospitalização, maior simplicidade técnica, e que tenha um baixo índice de recorrência da doença.
Nestes casos, indico em meus pacientes a abertura do cisto, a curetagem (raspagem) da parede interna do cisto, a retirada dos pêlos e a cauterização da região. Ou seja, o cisto é convertido em uma ferida aberta, que cicatrizará com o passar dos dias. Os trajetos fistulosos são identificados através de uma pinça que entra em um dos orifícios na pele e sai em outro. Em seguida, o trajeto é aberto. Um aspecto importante durante a preparação para cirurgia é a retirada completa dos pêlos da região. O mesmo procedimento também deverá ser mantido no período pós-operatório, mantendo-se uma área de 3 a 4cm sem pêlos a partir da ferida. A maior vantagem deste método é a sua facilidade técnica, e a maior desvantagem, o tempo de cicatrização (4 a 6 semanas).
Em geral, o paciente recebe alta hospitalar no dia seguinte ao da cirurgia, com orientação a respeito do curativo e sobre os analgésicos utilizados para o controle da dor. O curativo é realizado diariamente, com a lavagem da ferida com soro fisiológico, e colocação delicada de gazes. Desta forma haverá a cicatrização uniforme da ferida, até que em determinada fase desta cicatrização, a ferida estará quase fechada e não haverá a necessidade de colocação da gaze. É importante que o cirurgião ensine à pessoa que realizará o curativo o modo correto de realização do mesmo, evitando-se assim, dor desnecessária no momento da troca e melhores resultados.
Nos casos recidivados e já submetidos a este tipo de cirurgia, outras técnicas mais complexas podem ser utilizadas, como o fechamento da ferida no momento da cirurgia. No entanto, isto implica em um maior tempo de internação hospitalar e maior dificuldade cirúrgica, devendo-se assim, reservar este tipo de tratamento para casos selecionados.

 

O que é? O cisto pilonidal é uma inflamação que ocorre na região interglútea, na pele em cima do cóccix e sacro. Esta é uma doença que afeta mais comumente os adolescentes e adultos jovens, com o pico de incidência na terceira década de vida. O sexo masculino está acometido em 80% dos casos. Como […]
01 fev 06
Abscesso Anorretal

O que é?

O abscesso anorretal é um processo inflamatório agudo da região anal, e geralmente é a primeira manifestação de uma fístula anorretal. A fístula é um trajeto (“túnel”) que se forma entre a parede anorretal e os tecidos vizinhos devido à obstrução de ductos glandulares do canal anal, com o objetivo de drenar (eliminar) um processo infeccioso.
Os abscessos anorretais podem ser decorrentes de outras condições, como: trauma, câncer, radiação, queda da imunidade (AIDS, leucemia), dermatite, tuberculose, doença de Crohn (doença inflamatória intestinal) e fissura anal.
Abscessos e fístulas anorretais ocorrem mais comumente em homens do que mulheres, na proporção de dois homens para cada mulher. No momento do diagnóstico, dois terços dos pacientes estão entre a terceira e quarta décadas de vida.

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Sintomas

O abscesso é identificado como um abaulamento muito doloroso na região ao redor do ânus, e que causa grande desconforto ao evacuar e sentar. Este abaulamento é muito visível nos abscessos mais superficiais, mas não é tão evidente nos mais profundos. Nestes últimos, a valorização da queixa dolorosa do paciente é a chave para um diagnóstico correto.
No caso do abscesso que ocorre dentro da parede do canal anal, ocorre dor retal e anal, sendo que esta é exacerbada com a evacuação. O paciente também refere a sensação de reto “cheio”, podendo haver a saída de pus e muco. O toque retal mostra a presença do abaulamento dentro do canal anal. Este tipo de abscesso dever ser sempre diferenciado da trombose hemorroidária interna, que também é dolorosa e protuberante no canal anal.
O pus geralmente está presente no interior dos abscessos, o que pode ser comprovado com uma simples punção com agulha no próprio consultório. A presença do pus confirma o diagnóstico e indica a necessidade de drenagem cirúrgica. A febre pode estar presente, mas não é uma regra.
O exame físico revela uma área endurecida, quente, com vermelhidão e muito dolorosa ao toque. Em alguns casos, é até possível observar um local de saída de secreção purulenta. No entanto, não devemos esquecer que nos abscessos mais profundos a história clínica pode ser mais evidente do que o exame físico.
Nos casos de difícil diagnóstico, o cirurgião pode sugerir a realização de exames de imagem, como a ultra-sonografia, a tomografia computadorizada ou a ressonância magnética, que identificarão o local e a extensão do abscesso.
Também está indicada a realização de hemograma, para a avaliação do grau da infecção, e de glicemia, devido ao risco de diabetes associada.

Tratamento

O tratamento é cirúrgico, e assim que se identifica o abscesso, este deve ser drenado (esvaziado). Após a retirada do material purulento, realiza-se a lavagem da região como soro ou solução antisséptica. Nos casos mais graves, há a necessidade de se manter um dreno por alguns dias (24 a 72 horas), até que toda a secreção residual seja eliminada. Em alguns casos, pode ser realizada a lavagem da cavidade drenada através do dreno.
No período pós-operatório, o paciente deve realizar banhos de assento com água quente, já que este tem um efeito antiinflamatório.
Os pacientes também deverão fazer uso de antibióticos, principalmente naqueles em que há história de diabetes, doença cardíaca valvular e imunossupressão.
Quanto ao tratamento da fístula anorretal, alguns cirurgiões apresentam a tendência a tentar identificar o trajeto fistuloso no momento da drenagem do abscesso. Na minha opinião, este é um risco, já que como a área se encontra muito inflamada, a chance de identificação correta do trajeto é de 35 a 40%, e um erro na avaliação pode “criar” um novo trajeto. Sendo assim, prefiro que o paciente apresente a cicatrização do abscesso e que se defina o trajeto fistuloso. Desta forma, a cirurgia para o tratamento da fístula pode ser realizado em outra data e de forma mais segura e definitiva.

O que é? O abscesso anorretal é um processo inflamatório agudo da região anal, e geralmente é a primeira manifestação de uma fístula anorretal. A fístula é um trajeto (“túnel”) que se forma entre a parede anorretal e os tecidos vizinhos devido à obstrução de ductos glandulares do canal anal, com o objetivo de drenar […]
01 fev 06

O que é?

Prurido anal é a coceira na região anal. Apesar de ser uma queixa frequente nos consultórios de Proctologia, muitos pacientes não procuram ajuda médica devido a vergonha ou preconceito, o que mostra uma alta prevalência desta doença. Devido à rica inervação da região anal, esta se torna muito sensível à ação de agentes irritantes, e desta forma pode evoluir com prurido anal. Apesar de não representar qualquer risco de morte aos pacientes, o prurido anal traz imenso desconforto e prejuízo à qualidade de vida..

Sintomas

A coceira é geralmente notada na região anal, mas pode afetar também as áreas genitais. Os sintomas tendem a piorar a noite, e até mesmo despertam o paciente do sono.
O prurido anal é mais comum em homens.

Causas

Cerca de metade dos casos de prurido anal não tem a causa definida. A maioria dos quadros tem relação com a dieta e com a perda de fezes após as evacuações. A perda de fezes ocorre principalmente em pacientes com fezes mais líquidas, e pode ser decorrente de uma falha no sistema de inibição da contração anal e consequente relaxamento da musculatura anal após a evacuação.
O prurido anal também pode ser causado por substâncias ingeridas na dieta do paciente, como o café (cafeína), chá (cafeína), bebidas cola, derivados do leite (queijo), álcool (cervejas e vinhos), tomates e derivados (“cat-chup”), chocolate e frutas cítricas.
O prurido anal pode ser causado por doenças anais e intestinais, como hemorróidas, fissuras anais, fístulas anais, e até mesmo câncer anal e colorretal, e por problemas intestinais, como constipação e diarréia, e parasitoses (principalmente oxiúrus).
As doenças dermatológicas também estão associadas, como alergias, dermatites de contato, micoses, seborréia, escabiose, pediculose e psoríase.
Outras causas infecciosas, além da micose (infecção por fungos) e do oxiúrus (parasitose), também devem ser lembrados, principalmente as doenças sexualmente transmissíveis, como o condiloma acuminado em ânus (HPV), herpes genital, gonorréia, sífilis e candidíase.
As alterações de higiene, tanto a falta quanto o excesso, também são causas de prurido anal.
O cigarro também é citado como outro fator.

Diagnóstico

O diagnóstico é realizado através da história clínica e do exame físico, que pode revelar a presença de doenças anorretais ou dermatológicas que justifiquem o quadro. Nos quadros em que há sangramento anal associado, é importante que se realizem exames mais invasivos, como a anuscopia e a colonoscopia, principalmente em pessoas acima de 40 anos. Além disso, lesões suspeitas da região anal devem sofrer biópsia.
Também pode ser realizada a pesquisa de parasitas (oxiúrus) e fungos (micose) através da coleta de material da região anal (swab-anal).

Tratamento

O primeiro passo a ser dado no tratamento do prurido anal consiste na orientação da higiene anal. Muitos casos de prurido estão associados à má higiene, principalmente devido a resíduos de fezes nesta região. No entanto, a higiene exagerada também está associada, principalmente devido a limpeza vigorosa e traumatizante da região anal, que levaria à descamação da pele, tornando-a mais sensível e expondo ainda mais as terminações nervosas. Sempre oriento aos meus pacientes que a região anal deve ser limpa, e não “esterelizada”.
Como a perda de fezes é um dos fatores mais comuns relacionados ao prurido anal, é interessante que este paciente mantenha as fezes pastoas e bem formadas, evitando-se assim quadros de diarréia. Por isso é importante o uso de fibras alimentares que formem um bolo fecal mais consistente, a não ingestão de bedidas alcoólicas e alimentos que possam causar diarréia, como o leite em pessoas com intolerância à lactose.
Nos casos em que se conhece claramente o fator causal do prurido anal, após o afastamento dos mesmos haverá regressão completa dos sintomas.
Outros cuidados incluem a observação de fatores alérgicos, e deve-se orientar a utilização de sabonetes neutros e roupas íntimas de algodão. Nos casos com causa específica, como as parasitoses, micoses, e outras infecções relacionadas, os tratamentos indicados devem ser instituídos.
O tratamento tópico consiste em cremes e pomadas a base de anestésicos e antiinflamatórios. Quando não se obtém bons resultados, pomadas e cremes a base de corticosteróides devem ser consideradas, mas sempre com orientação médica, já que o uso prolongado e indiscriminado pode causar atrofia da pele. Além disso, nos casos com muito prurido noturno, pomadas a base de antihistmínicos (anti-alérgicos) podem ser utilizadas.
Em casos muito raros, sedativos e traqüilizantes devem ser administrados.

 

O que é? Prurido anal é a coceira na região anal. Apesar de ser uma queixa frequente nos consultórios de Proctologia, muitos pacientes não procuram ajuda médica devido a vergonha ou preconceito, o que mostra uma alta prevalência desta doença. Devido à rica inervação da região anal, esta se torna muito sensível à ação de […]
01 fev 06
Fístula Perianal

O que é?
Fístula perianal é a comunicação anormal entre o canal anal e a pele da região ao redor do ânus (perianal). Esta comunicação ocorre devido à obstrução de ductos das glândulas anorretais, que devido a infecção, formam um trajeto em direção à pele.
As fístulas perianais acometem mais os homens do que as mulheres (duas vezes mais), e o seu pico de incidência ocorre entre os 30 e 50 anos. As fístulas podem ser secundárias aos tumores do reto e do ânus, ou estar associadas às doenças inflamatórias intestinais.

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Tipos de Fístulas

O ânus apresenta ao seu redor um músculo responsável pela continência fecal, e que se denomina esfíncter anal. As fístulas perianais são classificadas de acordo com a relação entre o seu trajeto e o esfíncter anal. Esta classificação é importante para que se defina qual será o tratamento cirúrgico realizado, evitando-se assim que ocorra lesão do esfíncter anal e conseqüente prejuízo à continência fecal. As fístulas perianais são classificadas em simples e complexas.
As fístulas simples (55 a 70% dos casos) são aquelas em que o trajeto fistuloso ocorre abaixo do esfíncter anal, ou seja próximo à pele. Estas fístulas são de fácil tratamento, e têm índice de recorrência baixo. São divididas em extraesfincterianas baixas (abaixo do esfíncter anal) e interesfincterianas (entre as porções interna e externa do esfíncter anal).
As fístulas complexas (30% dos casos) são aquelas em que o trajeto fistuloso está comprometendo a musculatura esfincteriana ou está acima desta. A maior implicação desta relação com o esfíncter anal, é de que as fístulas complexas são de difícil tratamento quando comparadas às fístulas simples. Além disso, estão associadas a maiores taxas de recorrência, assim como o seu tratamento pode trazer prejuízo à continência fecal (lesão de esfíncter). São divididas em transesfincterianas (o trajeto passa pelo meio do esfíncter), supraesfincterianas (comprometem a parte superior do esfíncter) e extraesfincterianas (passam por cima da musculatura esfincteriana).

 

 

Sintomas

Os sintomas mais freqüentes das fístulas perianais são uma protuberância perianal (principalmente quando associada a abscesso), dor e saída de secreção (pus, muco ou sangue). Esta eliminação de secreção pode ocorrer tanto pelo orifício externo (pele) quanto interno (canal anal), sendo que neste último, a secreção estará misturada às fezes.
A maioria dos pacientes com fístula perianal tem como antecedente história de abscesso (inflamação aguda na região anorretal) que se drenou (esvaziou) espontaneamente ou que foi drenado cirurgicamente para a retirada da secreção purulenta.
O exame físico pode revelar um trajeto espesso (“cordão” cicatricial) que vai do canal anal até o orifício externo na pele, principalmente quando se examinam fístulas superficiais (simples). O exame do canal anal pode revelar a presença de secreção purulenta saindo da glândula comprometida (orifício interno).
Quando o trajeto fistuloso não é identificado facilmente, provavelmente trata-se de uma fístula profunda (complexa), ou seja, há o comprometimento do esfíncter anal (músculo do ânus). Nos casos em que há dúvida quanto ao trajeto ou, até mesmo, a presença da fístula, pode-se utilizar exames de imagem, como a ultra-sonografia anal e a ressonância magnética, que mostrarão a extensão e o trajeto da fístula.

Tratamento Cirúrgico

O princípio básico do tratamento da fístula perianal é abrir o trajeto fistuloso, após este ser identificado durante a cirurgia. A identificação é realizada através da passagem de uma agulha a partir do orifício externo (pele), e que deve chegar até o orifício interno (canal anal). A secção do trajeto é orientada por esta agulha. O tecido que permanece na base da fístula recém aberta deve ser curetado (raspado). A incisão é deixada aberta, ou seja, sem sutura (fechamento) da pele.
Nos casos em que uma grande porção do músculo esfincteriano está comprometida e deve ser dividido para o tratamento da fístula (complexa), deve ser levado em consideração o risco de incontinência fecal. Nestes casos, utilizo como método de tratamento a passagem de um fio (seton) ao redor do músculo esfincteriano. Este fio promoverá uma grande fibrose (cicatriz) no esfíncter anal, evitando que no momento da secção muscular, haja prejuízo à continência fecal do paciente, já que a fibrose manterá o músculo na sua posição correta. Este segundo tempo da cirurgia é realizado após oito semanas do procedimento inicial.
Uma técnica descrita há alguns anos para o tratamento da fístula perianal é a utilização de colas biológicas, que quando injetadas no trajeto fistuloso funcionam como um selante, obliterando a comunicação entre a pele e o canal anal. Este é um método interessante, mas só deve ser indicado em casos de fístulas muito complexas, já que nos casos restantes, o tratamento cirúrgico apresenta melhores resultados.
Há alguns anos, foi desenvolvido um novo procedimento cirúrgico para o tratamento das fístulas anorretais complexas, conhecido por Surgisis Anal Fistula Plug. Este método consiste em um cone de colágeno que é introduzido no trajeto fistuloso, e que servirá de molde e estrutura para que o próprio tecido conectivo do paciente preencha e feche a comunicação anormal causada pela fístula, obturando desta forma todo o trajeto. A maior vantagem deste método é evitar um segundo procedimento cirúrgico, como na utilização do seton, e principalmente, evitar o risco de incontinência fecal, já que não há secção da fístula e do músculo esfincteriano, e sim um preenchimento do trajeto. Apesar dos primeiros estudos mostrarem bons resultados com a técnica, os estudos mais atuais e a minha experiência pessoal com o plug mostram que ele ainda deva ser aprimorado, já que os resultados cirúrgicos são irregulares, com persistência da drenagem pela fístula por longa data, e em alguns casos, sem a resolução definitiva do problema.

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O que é? Fístula perianal é a comunicação anormal entre o canal anal e a pele da região ao redor do ânus (perianal). Esta comunicação ocorre devido à obstrução de ductos das glândulas anorretais, que devido a infecção, formam um trajeto em direção à pele. As fístulas perianais acometem mais os homens do que as […]
01 fev 06
Fissura Anal

O que é?

Fissura anal é um corte ou fenda na região anal (borda anal). Esta lesão pode se estender para dentro do ânus em alguns casos. A fissura anal é uma das doenças que mais acomete o ânus, gerando um grande desconforto dependendo da intensidade e extensão da lesão, e devendo ser sempre lembrada como uma causa de dor e sangramento anais. As estatísticas quanto ao número de pessoas acometidas pela doença é modesta em comparação com a realidade, já que muitas pessoas confundem os seus sintomas com os de hemorróidas.
A fissura anal pode ocorrer em qualquer idade, mas é mais comum nos adultos jovens. Ambos os sexos são afetados igualmente. Quanto à localização, as fissuras são encontradas na porção posterior do ânus em mais de 90% dos pacientes.
A fissura anal está associada à constipação intestinal (devido à passagem de fezes volumosas e ressecadas), evacuação freqüente e diarréia, traumas na região anal (evacuação ou sexo anal), dieta pobre em fibras e rica em gordura e frituras, e nas doenças inflamatórias intestinais (retocolite ulcerativa e doença de Crohn).

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Tipos de Fissura

As fissuras anais são classificadas em agudas e crônicas.
As fissuras agudas são aquelas em que há a cicatrização da lesão em seis a oito semanas, e o seu tratamento é realizado de forma clínica. Ao exame, mostra-se como um corte superficial, mas doloroso ao toque.
As fissuras crônicas são aquelas em que não ocorre a cicatrização da lesão em até seis a oito semanas, apesar dos cuidados clínicos realizados. Ao exame, observa-se uma úlcera na região anal, que se caracteriza como uma lesão profunda e com bordas endurecidas. Em alguns casos é possível a visualização do músculo interno do ânus (esfíncter interno). Outra característica importante da fissura crônica é o surgimento de um excesso de pele na região anal próximo à fissura, e que se denomina plicoma sentinela, e que decorre da obstrução de vasos linfáticos da região, com acúmulo de líquido e distensão da pele. O plicoma sentinela surge devido à infecção persistente da região, e é um importante sinal de cronicidade da doença. Pode ocorrer também a presença de uma papilite, que é a inflamação de glândulas no canal anal em decorrência da fissura. A cirurgia ainda é o melhor tratamento para a fissura anal crônica, apesar do surgimento de novas terapias.
As razões para que as fissuras anais não cicatrizem e se tornem crônicas ainda não estão completamente elucidadas. No entanto, acredita-se estar associada à isquemia (falta de fluxo sangüíneo), infecção e obstrução linfática em decorrência do processo inflamatório persistente. Esta falta de fluxo sangüíneo na região anal é decorrente do excesso de contração muscular (hipertonia) do esfíncter interno do ânus e ao seu não relaxamento durante a evacuação. Devido a esta hipertonia involuntária exercida pelo esfíncter interno do ânus é que este também dever ser tratado durante a cirurgia para a resolução da fissura anal crônica.

 

 

Sintomas

Os sintomas mais comuns da fissura anal são a dor e o sangramento. Alguns pacientes referem certo grau de irritação da pele próxima à fissura.
A dor ocorre imediatamente após a evacuação, pode durar de poucos minutos a horas, e o paciente descreve uma sensação de que o ânus foi “cortado”. Em alguns casos, a dor é exacerbada pelo medo do paciente em evacuar, o que torna as fezes mais ressecadas e volumosas, causando mais dor no momento da evacuação.
A dor da fissura anal deve ser sempre diferenciada da dor da trombose hemorroidária e do abscessoa anal, que são alterações anais caracterizadas pela dor anal. A trombose hemorroidária está associada a um abaulamento vinhoso na região anal.
O sangramento é geralmente mínimo, percebido no papel higiênico ou na superfície das fezes, e raramente no vaso sanitário. Não é incomum que o paciente negue a evidência de sangramento.
As fissuras anais podem fazer parte do quadro clínico de outras doenças, como a doença de Crohn (doença inflamatória intestinal), tuberculose, leucemia e câncer de ânus, por exemplo. Devido a isto, fissuras anais de localização não habitual (porções laterais do ânus), mais de uma fissura e com grande processo inflamatório devem ser biopsiadas (ressecadas e analisadas).

Tratamento Clínico

O tratamento clínico apresenta bons resultados na fissura anal aguda, e consiste em uma dieta rica em fibras, suplementos de fibras, banhos de assento com água quente (antiinflamatório) e pomadas analgésicas/anestésicas.
Após a cicatrização da fissura anal, os pacientes deveriam manter uma dieta rica em fibras, tornando a passagem das fezes mais suave e menos traumatizante ao ânus.
No caso da fissura anal crônica, há atualmente uma tendência a realização da chamada “esfincterotomia química” , que consiste no relaxamento do músculo esfíncter interno do ânus (diminuição da hipertonia) por meio de pomadas, cremes e substâncias injetadas. Este relaxamento tem como objetivo o aumento do fluxo sangüíneo da região anal e diminuição do espasmo da musculatura do ânus, e consequente aumento da chance de cicatrização da fissura crônica. As substâncias habitualmente utilizadas são a nifedipina, nitroglicerina, toxina botulínica e o diltiazen. A toxina botulínica, apesar de apresentar um bom efeito para um relaxamento efetivo da musculatura anal, tem como fatores limitantes a caraterística invasiva do método (a toxina é injetada no músculo) e a incontinência fecal (principalmente para gases) como complicação mais comum. Quanto às pomadas que relaxam a musculatura, estas têm como principal efeito colateral a cefaléia (dor de cabeça), que em alguns casos, faz com que o tratamento seja interrompido. A cefaléia ocorre em geral de 10 a 30 minutos após a aplicação da pomada. Sabe-se também que pacientes que apresentam plicoma sentinela ou tempo de doença maior que seis meses não têm boa resposta a este tipo de tratamento.
Em minha prática diária observo que os resultados com a “esfincterotomia química” para o tratamento da fissura anal crônica são limitados. No entanto, como pode haver a chance de cura em alguns casos selecionados, recomenda-se que este tipo de tratamento seja inicialmente aplicado, e que a cirurgia se reserve aos casos refratários ao tratamento clínico. Devido a isto, e de acordo com a literatura médica atual, acredito que o tratamento cirúrgico ainda é a melhor opção de cura para os pacientes com fissura anal crônica.

Tratamento Cirúrgico

O tratamento cirúrgico da fissura anal consiste na ressecção da lesão ulcerosa, assim como do plicoma sentinela, para que haja um tecido em boas condições de cicatrização. Associada a esta ressecção, dever ser realizada, obrigatoriamente, a esfincterotomia cirúrgica parcial, ou seja, a secção parcial do esfíncter interno do ânus (músculo interno do ânus) para a diminuição da hipertonia (espasmo) esfincteriana. Este procedimento permite que ocorra um aumento real e duradouro (ao contrário da “esfincterotomia química”) do fluxo sangüíneo da região anal, com conseqüente cicatrização da fissura anal. O principal efeito colateral do método é a incontinência fecal, que pode trazer prejuízo à qualidade de vida em 3% dos pacientes operados, principalmente as mulheres que sofreram partos por via vaginal.
Nos casos atendidos em meu consultório, tenho observado ótimos resultados com o tratamento cirúrgico, com cura em mais de 95% dos casos, o que corresponde aos achados da Literatura médica mais atual. Além disso, a satisfação dos pacientes é evidente, e os mesmos sugerem que retardar a cirurgia apenas prolongou o desconforto causado pela fissura.

 

O que é? Fissura anal é um corte ou fenda na região anal (borda anal). Esta lesão pode se estender para dentro do ânus em alguns casos. A fissura anal é uma das doenças que mais acomete o ânus, gerando um grande desconforto dependendo da intensidade e extensão da lesão, e devendo ser sempre lembrada […]