21 fev 19

A DOENÇA CELÍACA é uma alteração genética, que acomete de 1 a 3% da população. E se ela é uma doença genética, é muito justo que PAIS CELÍACOS se preocupem com o risco dos seus filhos desenvolverem a doença celíaca. Ninguém quer deixar como herança uma doença insidiosa, que traz distúrbios nutricionais e sintomas digestivos limitantes, além de uma série de doenças autoimunes correlacionadas! No entanto, sabemos que 30% da população geral têm algum gene positivo para o desenvolvimento da doença, mas que em somente 3 a 4% deste grupo isto realmente ocorrerá. Claramente há um fator ambiental, um gatilho, mas que ainda não entendemos bem!

E será que este gatilho tem relação com o modo com que introduzimos ou não o GLÚTEN na alimentação das crianças? Esta é uma preocupação de médicos e pais, e por isso alguns grupos de estudo e sociedades médicas têm se dedicado ao tema. Os questionamentos mais importantes são:

1- amamentar ou não reduz o risco da doença?

2- estar amamentando no momento da inclusão do glúten na dieta faz diferença?

3- o momento de introduzir o glúten na dieta muda algo? Três, quatro, seis, doze meses?

4- a quantidade de glúten tem importância?

5- o tipo de glúten (cereal) tem relevância?

A resposta é: NENHUMA destas medidas ou fatores se mostrou relevante para o desenvolvimento ou não da doença celíaca!

A única questão é que quando se estudam crianças com alto risco para a doença celíaca, a introdução do glúten na dieta aos seis meses de vida em vez de 12 meses antecipa o surgimento dos sintomas. E mais recentemente um estudo mostrou a associação de ingestão de glúten durante os primeiros 5 anos de vida com incidência de risco aumentado para autoimunidade celíaca e para doença celíaca em crianças com predisposição genética positiva (HLA DQ2 / DQ8 / DQ7). 

Ainda não há qualquer recomendação formal sobre a introdução do glúten em crianças com parentes de primeiro grau celíacos. Mas há uma óbvia preocupação especialmente com este grupo.

Mas lembro, o glúten é uma causa necessária para que a doença celíaca exista, e portanto é importante que se continue estudando a relação desta proteína com possíveis fatores desencadeantes.

 

Dr. Fernando Valério
Gastroenterologista e Nutrólogo
Especializado em Doença Celíaca e Doenças Intestinais Funcionais

A DOENÇA CELÍACA é uma alteração genética, que acomete de 1 a 3% da população. E se ela é uma doença genética, é muito justo que PAIS CELÍACOS se preocupem com o risco dos seus filhos desenvolverem a doença celíaca. Ninguém quer deixar como herança uma doença insidiosa, que traz distúrbios nutricionais e sintomas digestivos […]
01 jan 19
Doença celíaca e Obesidade: isto é possível?

DOENÇA CELÍACA e OBESIDADE: isto é possível?
Há alguns dias eu atendi uma paciente com diagnóstico de DOENÇA CELÍACA e ela me disse algo bastante curioso: “me falaram que eu não poderia ser celíaca por estar ACIMA do PESO”.
Não é bem assim! Precisamos estar mais atentos ao que vem acontecendo com o comportamento da doença celíaca nas últimas décadas. Pacientes com sobrepeso e obesos não são diagnosticados corretamente porque os livros médicos tradicionais sempre trouxeram a informação de que a doença celíaca estava associada a síndrome de má absorção nutricional e perda de peso. Mas estes pacientes magros e com com déficits nutricionais não são mais uma regra. O quadro clínico clássico ainda é a forma predominante de apresentação inicial da doença, mas é cada vez menos frequente. Enquanto isso, a formas subclínicas e não-clássicas (doenças autoimunes) já representam 30 a 50% dos casos no momento do diagnóstico.
Sabe-se que atualmente de 20 a 40% dos pacientes se apresentam com sobrepeso ou obesidade. Ou seja, ÍNDICES DE MASSA CORPÓREA MAIS ALTOS PODEM COEXISTIR COM A DOENÇA CELÍACA!
Mas como alguém que tem o seu intestino inflamado e com possíveis distúrbios nutricionais pode estar acima do peso? Ainda não há uma resposta concreta sobre as razões da relação entre a doença celíaca com o sobrepeso e obesidade. Mas a principal explicação é de que o corpo pode ser extremamente eficiente para absorver nutrientes em condições adversas. No caso da doença celíaca, os segmentos mais acometidos são os proximais ao duodeno, e portanto há ainda alguns metros de intestino com capacidade de absorver açúcares e gorduras que são ingeridos. Desta forma, os segmentos de intestino não afetados passam a exercer uma compensação, tornando-se mais eficientes na absorção de nutrientes. Esta situação também ocorre em doenças inflamatórias intestinais (Crohn), cirurgias bariátricas e quando grandes segmentos intestinais são retirados.
O mecanismo compensatório consiste no aumento das vilosidades e células intestinais não afetadas pela doença celíaca. Mas se o mecanismo de absorção se torna exagerado, associado a uma dieta rica em gorduras e açúcares, a obesidade pode estar presente.
O DIAGNÓSTICO DA DOENÇA CELÍACA NÃO PERMITE PRECONCEITOS! Idade, sexo e composição corporal não podem ser limitantes para que um paciente celíaco seja diagnosticado.

 

Dr. Fernando Valério
Gastroenterologia e Nutrologia
Especialista em Doença Celíaca, Síndrome do Intestino Irritável, intolerâncias e alergias alimentares.

DOENÇA CELÍACA e OBESIDADE: isto é possível? Há alguns dias eu atendi uma paciente com diagnóstico de DOENÇA CELÍACA e ela me disse algo bastante curioso: “me falaram que eu não poderia ser celíaca por estar ACIMA do PESO”. Não é bem assim! Precisamos estar mais atentos ao que vem acontecendo com o comportamento da […]
11 dez 14
Lista de alimentos em uma dieta não fermentativa (Low FODMAP’s)

Dr Fernando Valerio - Blog -  Fodmap's
Alguns pacientes apresentam alterações gastrointestinais que causam dores abdominais, diarreia e aumento dos gases intestinais, como a Síndrome do Intestino Irritável. Estes distúrbios tornam estas pessoas mais sensíveis a alguns alimentos, mesmo que estes sejam saudáveis à grande maioria das pessoas. Através de algumas pesquisas pôde-se perceber que estes alimentos tinham em comum a capacidade de causar a fermentação (representada pelo “F” da sigla) com consequente aumento dos gases intestinais, além de gerar o acúmulo de líquido no intestino através de um processo de osmose, o que culminaria com a diarreia. Como estes pacientes apresentam quadro de hipersensibilidade inerente à alteração da função intestinal, a combinação de aumento de gases e excesso de líquidos no intestino traz como repercussão a dor abdominal. Estruturalmente estes alimentos apresentam em sua composição açúcares pequenos, como os oligossacarídeos (“O”), dissacarídeos (“D”), monossacarídeos (“M”) e polióis (“P”). Lembro que é muito importante saber que se um alimento e seus nutrientes são retirados da dieta, outro deve substituí-lo. Por exemplo, quando se suspende a lactose da dieta, invariavelmente há a menor ingestão de cálcio, que é fundamental para a saúde óssea. Neste caso, outras fontes de cálcio devem ser propostas ou o uso de suplementos indicados. Por isso, é imprescindível que esta dieta seja acompanhada por um profissional capaz de fazer esta orientação, como o médico Nutrólogo, evitando-se assim carências nutricionais. Sendo assim, segue abaixo a lista de alimentos que contém estes açúcares e que devem ser evitados ou consumidos em porções mais discretas no caso destes pacientes. (mais…)

Alguns pacientes apresentam alterações gastrointestinais que causam dores abdominais, diarreia e aumento dos gases intestinais, como a Síndrome do Intestino Irritável. Estes distúrbios tornam estas pessoas mais sensíveis a alguns alimentos, mesmo que estes sejam saudáveis à grande maioria das pessoas. Através de algumas pesquisas pôde-se perceber que estes alimentos tinham em comum a capacidade […]
09 abr 14
Síndrome do Intestino Irritável (SII) e uma dieta não-fermentativa (“low FODMAP”s): como ela funciona e quais os resultados?

A Síndrome do Intestino Irritável (SII) é uma alteração funcional, que atinge 20% da população, é duas vezes mais frequente no sexo feminino e que traz um enorme prejuízo à qualidade de vida dos que apresentam esta doença. Apesar da SII ser uma das alterações mais comuns vistas em consultórios de gastroenterologia, os tratamentos ainda apresentam resultados limítrofes ou parciais. Os sintomas principais desta Síndrome são dor abdominal, aumento de gases intestinais e distensão abdominal, flatulência, diarreia, constipação, alteração da forma das fezes, aumento dos ruídos intestinais, sensação de evacuação incompleta, urgência para defecar e presença de muco nas fezes. Uma das razões para que os pacientes com a SII apresentem tais sintomas é que a distensão do intestino estimula receptores intestinais (mecanorreceptores), e como há uma hipersensiblidade visceral (intestinal) e uma resposta motora intestinal equivocada nestes pacientes, os sintomas são desencadeados. Pensando desta forma, foi descrita uma dieta que tem como intenção reduzir a fermentação intestinal, e assim evitar a distensão intestinal e os seus efeitos. Para que a dieta do paciente portador de SII não promovesse tal fermentação decidiu-se pela suspensão na dieta de elementos que contivessem açúcares de cadeia curta e que são mal absorvidos pelo intestino. Surgiu assim a dieta “low FODMAP’s” (que significa fermentáveis, oligossacarídeos, dissacarídeos, monossacarídeos e polióis). O objetivo desta publicação é discutir esta nova dieta, seus componentes e seus resultados. (mais…)

A Síndrome do Intestino Irritável (SII) é uma alteração funcional, que atinge 20% da população, é duas vezes mais frequente no sexo feminino e que traz um enorme prejuízo à qualidade de vida dos que apresentam esta doença. Apesar da SII ser uma das alterações mais comuns vistas em consultórios de gastroenterologia, os tratamentos ainda […]
31 out 10
Dr. Fernando Valério publica o livro “Decidi ser o dono da minha carreira: o que e quem fez a diferença”

Capa do livroCaros amigos e visitantes, tenho o prazer de comunicá-los que publiquei um livro chamado “Decidi ser o dono da minha carreira: o que e quem fez a diferença”. É de certa forma estranho pensar na razão pela qual um médico escreveria um livro sobre carreira ou desenvolvimento pessoal, mas a justificativa é simples. O médico, assim como qualquer outro profissional, precisa ter um preparo adequado para a realização das suas funções, foco em aprimoramento e controle sobre os caminhos que a sua carreira deve seguir. O livro conta, segundo o meu ponto vista, os atributos que alguém que deseje tomar as rédeas da sua vida profissional precisa ter, os motivos que fizeram com que tomasse algumas atitudes, as consequências e renúncias relacionadas as medidas adotadas. O livro é acima de tudo uma homenagem ao esforço, a perseverança, a ética, a preparação e a humildade. (mais…)

Caros amigos e visitantes, tenho o prazer de comunicá-los que publiquei um livro chamado “Decidi ser o dono da minha carreira: o que e quem fez a diferença”. É de certa forma estranho pensar na razão pela qual um médico escreveria um livro sobre carreira ou desenvolvimento pessoal, mas a justificativa é simples. O médico, assim […]
30 jun 09
Constipação Intestinal: sintomas e tratamento


A constipação intestinal é a queixa digestiva mais comum na população geral, acometendo 15% das pessoas, sendo mais frequente nas mulheres, maiores que 60 anos e em sedentários. As principais causas da constipação crônica são alterações primárias do intestino (desordens motoras, quadros obstrutivos, Síndrome do Intestino Irritável, megacólon), alterações metabólicas (diabetes, hipotireoidismo, hipercalcemia), neurológicas (esclerose múltipla, lesões medulares, Parkinson) e decorrentes do uso de medicações. Os critérios para se definir a constipação intestinal são o esforço para se evacuar, fezes ressecadas e em pequena quantidade, sensação de evacuação incompleta, percepção de obstrução à passagem das fezes pelo ânus e reto, necessidade de manobras manuais para se realizar a evacuação (toque digital, por exemplo), e menos de três evacuações semanais. A necessidade de uso de laxantes para que ocorra a evacuação também caracteriza a constipação intestinal. (mais…)

A constipação intestinal é a queixa digestiva mais comum na população geral, acometendo 15% das pessoas, sendo mais frequente nas mulheres, maiores que 60 anos e em sedentários. As principais causas da constipação crônica são alterações primárias do intestino (desordens motoras, quadros obstrutivos, Síndrome do Intestino Irritável, megacólon), alterações metabólicas (diabetes, hipotireoidismo, hipercalcemia), neurológicas (esclerose múltipla, […]