Prebióticos e Probióticos: o que são e o que fazem para a nossa saúde?

Prebióticos e Probióticos: o que são e o que fazem para a nossa saúde?

Dr Fernando Valerio - Blog - Próbioticos
O trato gastrointestinal humano constitui o habitat de uma comunidade bastante grande e diversificada de microrganismos (bactérias). A colonização do trato gastrointestinal inicia-se imediatamente após o nascimento. Durante os primeiros dias de vida, o intestino é colonizado por bactérias provenientes do ambiente e da mãe. Entre 10 a 20 espécies compõem em torno de 90% das células bacterianas que ocupam o intestino humano. A mudança para microbiota adulta acontece após o desmame e, já no segundo ano de vida, a constituição da microbiota intestinal torna-se similar àquela de um adulto e mantém-se relativamente estável ao longo da vida. A quantidade e variedade de microrganismos aumentam progressivamente desde o estômago até o cólon. Em um indivíduo adulto, o trato gastrointestinal contém 10 vezes mais bactérias do que o número de células do corpo humano inteiro. Como esses microrganismos são metabolicamente ativos e interagem continuamente com o seu ambiente, são capazes de exercer uma influência significativa no desenvolvimento e na fisiologia do hospedeiro. Os prebióticos são ingredientes de alimentos que beneficiam o organismo do hospedeiro estimulando o crescimento e/ou o aumento da atividade de um número limitado de espécies de bactérias, gerando seletividade no cólon e possíveis benefícios à saúde e ao bem-estar dos indivíduos. Os probióticos são definidos como microrganismos vivos os quais conferem benefícios de saúde ao hospedeiro, quando administrados em quantidades adequadas. Sendo assim, o objetivo deste artigo é discutir do que se tratam os prebióticos e probióticos, assim como os seus possíveis efeitos à nossa saúde.
PROBIÓTICOS
Os probióticos são, segundo a Organização Mundial de Saúde, microrganismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, conferem benefícios à saúde do hospedeiro. Numerosos estudos têm sido publicados a respeito dos benefícios da suplementação oral de probióticos na saúde humana. Estes estudos mostram evidências de que há uma importante relação entre os probióticos e a prevenção, melhora e possibilidade de tratamento de algumas doenças. Os probióticos são geralmente cepas de bactérias produtoras de ácido lático, em particular os lactobacilos e as bifidobactérias. Assim, para ser considerado um probiótico, um microrganismo deve apresentar as seguintes características: ser comprovadamente seguro, estar presente na forma de células vivas e em quantidades adequadas no alimento, exercer benefícios clinicamente comprovados, permanecer estável e vivo até o fim do prazo de validade do alimento, e chegar vivo e ativo ao local de atuação no organismo (sobrevivendo aos “ataques” do suco gástrico, suco pancreático e sais biliares). Os produtos alimentares mais comuns e que oferecem os probióticos são os alimentos lácteos, como o leite, os queijos e os iogurtes. Com o avanço da tecnologia de produtos alimentares, os probióticos hoje são acrescidos a alimentos e comercializados nas fórmulas de cápsulas e comprimidos, aumentando o seu tempo de validade e facilitando a sua administração.
As bactérias probióticas exercem a sua atividade principalmente no trato digestivo humano. Desta forma, a sua aplicação é dividida em doenças infecciosas e não-infecciosas. Além de uma forma de tratamento, os probióticos devem ser lembrados como profiláticos que reduzem os riscos de doenças. Quanto às doenças não infecciosas, os probióticos são utilizados em uma variedade de doenças, como na diarreia crônica, síndrome do intestino irritável (SII), doença inflamatória intestinal (doença de Crohn e retocolite ulcerativa), câncer de intestino (colorretal) e constipação .No caso da síndrome do intestino irritável, estudos com a bifidobactéria mostraram a melhora da dor abdominal, dos gases intestinais, da disfunção intestinal (diarreia e constipação) e da evacuação incompleta. No caso da doença de Crohn e da retocolite ulcerativa, o uso de probióticos parece ter diminuído o número de crises quando se comparou apenas ao uso de medicamentos, principalmente porque gerou uma normalização da flora intestinal destes pacientes. No entanto, não se pode afirmar com segurança isto até que novos e mais amplos estudos médicos sejam realizados. Quanto ao câncer de intestino grosso (cólon) e reto, alguns aspectos podem sugerir que os probióticos teriam algum efeito protetor. Estes efeitos seriam a modulação do sistema imunológico, a redução do trânsito intestinal, alterações do metabolismo da flora intestinal (como a produção de fatores antitumorais), alterações das condições físico-químicas do intestino e melhora da flora intestinal.
No caso das doenças infecciosas, o uso de probióticos tem sido muito difundido, principalmente na prevenção de infecções. Ainda que muito comum entre viajantes em áreas de alto risco, o uso profilático de antibióticos contra a diarreia não é recomendada em todos os casos. Os probióticos foram considerados como uma ferramenta alternativa de prevenção e tratamento. Esta mesma aplicação preventiva é usada em pacientes internados e em idosos. Quanto ao tratamento com o uso de probióticos, eles parecem aliviar os sintomas da diarreia aguda infecciosa (gastroenterite bacteriana e viral) e reduzir o tempo de doença, principalmente em crianças. Os probióticos também devem ser lembrados naqueles pacientes que fazem uso de antibióticos. Aproximadamente 20% dos pacientes tratados com antibióticos desenvolvem diarreia associada ao antibiótico (DAA) em função da sua flora intestinal, responsável pela resistência à colonização, estar alterada ou reduzida. Assim, o uso de probióticos parecem reduzir este risco.
PREBIÓTICOS
Uma abordagem para se aumentar o número de bactérias benéficas no trato gastrointestinal é através do uso de prebióticos na dieta. Os prebióticos são definidos como ingredientes não digeríveis dos alimentos que beneficiariam o hospedeiro estimulando o crescimento ou a atividade de um número de bactérias do intestino, conferindo saúde e bem estar. Os prebióticos mais interessantes são os oligossacarídeos não digeríveis, que são açúcares de cadeias moleculares pequenas (2 a 20 unidades de açúcares). Os tipos mais comuns destes prebióticos são os frutanos, galacto-oligossacarídeos (GOS), isomalto-oligossacarídeos e fruto-oligossacarídeos (FOS). Os benefícios à saúde são muito parecidos ao uso dos probióticos, e a sua ação tem sido relacionada como um importante substrato para a microbiota humana. Os alvos tradicionais dos prebióticos são as bifidobactérias e os lactobacilos. Estudos revelam que os prebióticos podem modificar a flora intestinal aumentando a comunidade de bifidobactérias e de lactobacilos, promovendo assim um ganho de saúde ao intestino humano e melhorando a sua resposta imune.
As características necessárias para que um prebiótico exerça a sua atividade são a resistência à acidez gástrica e à absorção gastrointestinal, a capacidade de ser fermentado pela flora intestinal e se eficaz na estimulação do crescimento e atividade da flora intestinal.
CONCLUSÃO
Os alimentos funcionais são área de estudo importante da nutrição e nutrologia. Estes agentes alimentares parecem ser uma boa alternativa para a geração e manutenção da saúde em algumas condições, principalmente nos cuidados com o trato digestivo. O modo de operação dos prebióticos e probióticos difere, visto que os probióticos são microrganismos vivos na dieta, enquanto os prebióticos fortificam certos gêneros e espécies de bactérias. Desta forma, para que se faça o uso correto destes alimentos funcionais e para que se atinjam os resultados esperados, é recomendado uma orientação adequada por parte de um profissional médico habilitado.

Dados do autor:
Dr. Fernando Valério
Gastroenterologista, Nutrólogo e Proctologista
São Paulo, SP
Consultas: particulares e Omint

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Dr. Fernando Valério