Esta é uma pergunta frequente, com respostas conflitantes, já que os bancos de sangue se comportam de forma heterogênea a respeito de assunto.
Por isso, entrei em contato com a Dra. Araci Massami Sakashita, hematologista e coordenadora do Banco de Sangue do Hospital Albert Einstein, um dos mais rigorosos e qualificados em nosso País.
Segundo a Portaria 158 (Fevereiro de 2016) do Ministério da Saúde, os portadores de DOENÇA AUTOIMUNE QUE COMPROMETA MAIS DE UM ÓRGÃO estão definitivamente excluídos da possibilidade de doar sangue.
A DOENÇA CELÍACA é uma alteração autoimune que compromete outros órgãos, como tireóide, pâncreas, cérebro, nervos, pele, coração e fígado, por exemplo. O mesmo processo ocorre nas doenças inflamatórias intestinais (DOENÇA DE CROHN e RETOCOLITE ULCERATIVA IDIOPÁTICA), que afetam articulações, olhos, fígado e vias biliares, e pele. Todas estas doenças se enquadram neste grupo citado pela portaria.
Entendo a frustração de pacientes celíacos, com doenças inflamatórias intestinais e outras doenças autoimunes, que mesmo com os sintomas e exames controlados, não podem realizar este ato espontâneo de generosidade. Poder ajudar ao próximo doando sangue é um ato bonito e puro, já que nunca sabemos realmente quem receberá o nosso sangue. Mas existe uma regra chamada “Princípio da Precaução”, que atinge e defende os doadores e receptores de qualquer risco. E é nesta regra que a lei se baseia.
Felizmente há muitas outras maneiras de ajudar a quem precisa e nos pede ajuda, tão nobres quanto doar sangue e que não trazem restrições ou riscos.
O amor sincero não segue apenas um caminho! Basta estar atento ao que está nossa volta e saberemos como e a quem ajudar!
Dr. Fernando Valério
Gastroenterologista e Nutrólogo
Especialista em Doença Celíaca, intolerâncias e alergias alimentares, e doenças gastro-intestinais funcionais.
Membro da International Society for the Study of Celiac Disease
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