19 jun 18

A Gastroenterologia é a especialidade médica ligada ao estudo dos distúrbios digestivos. A Nutrologia é a especialidade médica relacionada ao estudo dos alimentos e a sua relação com a nossa saúde e doenças. Como o aparelho digestivo tem como principal função a ingestão, digestão e absorção dos alimentos, é óbvio que o estudo destas especialidades se complementam de maneira muito produtiva.  Na minha prática médica vivo isto de maneira muito interessante, já que o profundo entendimento das doenças digestivas me permitem entender as alterações ocorridas e as suas consequências, avaliar e solicitar os exames necessários prontamente, indicar tratamentos medicamentosos e, principalmente, orientar a alimentação e dieta a serem seguidas.

O gastro nutrólogo pode atuar em diversas doenças digestivas e trazer ótimos resultados aos seus pacientes, visto que consegue ter uma visão global de tudo que envolve a doença digestiva e os seus aspectos alimentares. Vou citar abaixo algumas doenças em que a abordagem de um gastroenterologista nutrólogo pode ser muito útil:

Doença diverticular (diverticulose) e diverticulite aguda:
Orientar a alimentação adequada para que pacientes com doença diverticular não sofram com novas crises de diverticulite aguda. E também orientar tratamentos medicamentosos (antibióticos) e dieta durante o quadro de diverticulite aguda, e posteriormente a   crise.

Doença Celíaca (intolerância ao glúten), intolerância à lactose, sensibilidade ao glúten não celíaca e alergias alimentares:
O médico pode através da história clínica suspeitar de algumas destas alterações do aparelho digestivo, solicitar os exames laboratoriais e de imagem (endoscopia digestiva alta), corrigir as consequências nutricionais destas alterações, e indicar uma dieta adequada como forma de tratamento.

Diarreia e constipação crônica:
Avaliar as possíveis causas de diarreia (infecciosas, doenças funcionais e inflamatórias), indicar tratamentos medicamentosos e dieta constipante. Por outro lado, também pode avaliar os motivos de alterações de defecação e constipação intestinal, além de orientar dieta rica em fibras e laxativas.

Aumento de gases intestinais e Síndrome do Intestino Irritável (SII):
Tratar os pacientes que sofrem da SII com medicamentos específicos, e orientar quais os alimentos que podem levar ao aumento da flatulência (gases) e diarreia.

Doenças inflamatórias intestinais:
As colites, como a Doença de Crohn e a Retocolite ulcerativa, são doenças complexas e que podem evoluir com quadros de deficiência de minerais, vitaminas e proteínas. Por isso o gastroenterologista nutrólogo deve se preocupar em fazer uma avaliação da composição corporal e dos níveis de vitaminas e minerais no sangue, com a possibilidade de correção destes distúrbios nutricionais consequentes à inflamação intestinal.

Gastrite, dispepsia, refluxo gastroesofágico e esofagite:
O esôfago e estômago são os primeiros órgãos do aparelho digestivo a receberem os alimentos após a deglutição, e portanto podem sofrer com a ingestão de alimentos que tragam algum desconforto ou lesão. Na prática médica, é possível que se faça a avaliação destas lesões através de endoscopia digestiva alta, que se trate com medicamentos específicos e que se oriente a parte alimentar.

–  Esteatose hepática:
A esteatose é o aumento do depósito de gordura no fígado, e está muito relacionado a obesidade e aumento de glicemia/diabetes. Nestes casos é importante avaliar a integridade do fígado e prevenir inflamações decorrentes do depósito de gordura no órgão, assim como orientar uma alimentação adequada para o controle da obesidade e de glicemia e diabetes.

Descrevi neste artigo as alterações digestivas mais importantes e que trato em minha prática clínica associando os conhecimentos de gastroenterologia e nutrologia,  e mostrando como as associação das duas especialidades é interessante e extremamente produtiva aos pacientes que sofrem com estes distúrbios.

 

Dados do autor:
Dr. Fernando Valério
Gastroenterologista, Nutrólogo e Proctologista
São Paulo, SP
Consultas: particulares e Omint

A Gastroenterologia é a especialidade médica ligada ao estudo dos distúrbios digestivos. A Nutrologia é a especialidade médica relacionada ao estudo dos alimentos e a sua relação com a nossa saúde e doenças. Como o aparelho digestivo tem como principal função a ingestão, digestão e absorção dos alimentos, é óbvio que o estudo destas especialidades se […]
11 dez 14
Lista de alimentos em uma dieta não fermentativa (Low FODMAP’s)

Dr Fernando Valerio - Blog -  Fodmap's
Alguns pacientes apresentam alterações gastrointestinais que causam dores abdominais, diarreia e aumento dos gases intestinais, como a Síndrome do Intestino Irritável. Estes distúrbios tornam estas pessoas mais sensíveis a alguns alimentos, mesmo que estes sejam saudáveis à grande maioria das pessoas. Através de algumas pesquisas pôde-se perceber que estes alimentos tinham em comum a capacidade de causar a fermentação (representada pelo “F” da sigla) com consequente aumento dos gases intestinais, além de gerar o acúmulo de líquido no intestino através de um processo de osmose, o que culminaria com a diarreia. Como estes pacientes apresentam quadro de hipersensibilidade inerente à alteração da função intestinal, a combinação de aumento de gases e excesso de líquidos no intestino traz como repercussão a dor abdominal. Estruturalmente estes alimentos apresentam em sua composição açúcares pequenos, como os oligossacarídeos (“O”), dissacarídeos (“D”), monossacarídeos (“M”) e polióis (“P”). Lembro que é muito importante saber que se um alimento e seus nutrientes são retirados da dieta, outro deve substituí-lo. Por exemplo, quando se suspende a lactose da dieta, invariavelmente há a menor ingestão de cálcio, que é fundamental para a saúde óssea. Neste caso, outras fontes de cálcio devem ser propostas ou o uso de suplementos indicados. Por isso, é imprescindível que esta dieta seja acompanhada por um profissional capaz de fazer esta orientação, como o médico Nutrólogo, evitando-se assim carências nutricionais. Sendo assim, segue abaixo a lista de alimentos que contém estes açúcares e que devem ser evitados ou consumidos em porções mais discretas no caso destes pacientes. (mais…)

Alguns pacientes apresentam alterações gastrointestinais que causam dores abdominais, diarreia e aumento dos gases intestinais, como a Síndrome do Intestino Irritável. Estes distúrbios tornam estas pessoas mais sensíveis a alguns alimentos, mesmo que estes sejam saudáveis à grande maioria das pessoas. Através de algumas pesquisas pôde-se perceber que estes alimentos tinham em comum a capacidade […]
09 abr 14
Síndrome do Intestino Irritável (SII) e uma dieta não-fermentativa (“low FODMAP”s): como ela funciona e quais os resultados?

A Síndrome do Intestino Irritável (SII) é uma alteração funcional, que atinge 20% da população, é duas vezes mais frequente no sexo feminino e que traz um enorme prejuízo à qualidade de vida dos que apresentam esta doença. Apesar da SII ser uma das alterações mais comuns vistas em consultórios de gastroenterologia, os tratamentos ainda apresentam resultados limítrofes ou parciais. Os sintomas principais desta Síndrome são dor abdominal, aumento de gases intestinais e distensão abdominal, flatulência, diarreia, constipação, alteração da forma das fezes, aumento dos ruídos intestinais, sensação de evacuação incompleta, urgência para defecar e presença de muco nas fezes. Uma das razões para que os pacientes com a SII apresentem tais sintomas é que a distensão do intestino estimula receptores intestinais (mecanorreceptores), e como há uma hipersensiblidade visceral (intestinal) e uma resposta motora intestinal equivocada nestes pacientes, os sintomas são desencadeados. Pensando desta forma, foi descrita uma dieta que tem como intenção reduzir a fermentação intestinal, e assim evitar a distensão intestinal e os seus efeitos. Para que a dieta do paciente portador de SII não promovesse tal fermentação decidiu-se pela suspensão na dieta de elementos que contivessem açúcares de cadeia curta e que são mal absorvidos pelo intestino. Surgiu assim a dieta “low FODMAP’s” (que significa fermentáveis, oligossacarídeos, dissacarídeos, monossacarídeos e polióis). O objetivo desta publicação é discutir esta nova dieta, seus componentes e seus resultados. (mais…)

A Síndrome do Intestino Irritável (SII) é uma alteração funcional, que atinge 20% da população, é duas vezes mais frequente no sexo feminino e que traz um enorme prejuízo à qualidade de vida dos que apresentam esta doença. Apesar da SII ser uma das alterações mais comuns vistas em consultórios de gastroenterologia, os tratamentos ainda […]
08 abr 14
Sensibilidade ao glúten e intolerância ao glúten (Doença Celíaca): qual a diferença?

Atualmente há um número crescente de pessoas que não utilizam alimentos que contenham glúten em sua dieta. Este fato é tão relevante que há uma projeção de que 15 a 25% dos americanos busquem alimentos livres de glúten. Além disso, estamos falando de um negócio gigantesco,  com estimativa de lucro só no mercado americano em torno de 1,69 bilhão de dólares até 2015. Mas qual a razão para isto, será que há um modismo, uma superestimativa destes números ou há realmente uma causa clínica que justifique esta situação? Obviamente, pensando em causas médicas para este comportamento, a doença celíaca (intolerância ao glúten) seria sempre a mais importante. No entanto, algumas pessoas que não são intolerantes ao glúten, ou seja, que apresentam sensibilidade ao glúten sem o diagnóstico de doença celíaca, também podem se beneficiar da dieta livre de glúten. O objetivo desta publicação é diferenciar estas duas condições. (mais…)

Atualmente há um número crescente de pessoas que não utilizam alimentos que contenham glúten em sua dieta. Este fato é tão relevante que há uma projeção de que 15 a 25% dos americanos busquem alimentos livres de glúten. Além disso, estamos falando de um negócio gigantesco,  com estimativa de lucro só no mercado americano em […]
16 fev 13
Doença Celíaca (intolerância ao glúten): causas, sintomas, diagnóstico e tratamento.

A Doença Celíaca, também chamada de espru celíaco, espru não-tropical e enteropatia sensível ao glúten, foi descrita inicialmente em 1888 por Samuel Gee. Esta doença é uma alteração do intestino (enteropatia) determinada pelo sistema imunológico, com predisposição genética associada. Os sintomas são desencadeados pela ingestão de alimentos contendo glúten. O glúten é uma proteína de armazenamento do trigo, do centeio e da cevada. Alguns estudos sugerem que a aveia pode conter glúten. A prevalência da Doença Celíaca varia de uma pessoa acometida para cada 100 a 300 pessoas. Parentes de primeiro e segundo graus de pessoas confirmadamente acometidas pela intolerância ao glúten têm um risco aumentado de desenvolver a doença em algum período de suas vidas, sendo este risco de 10% a 5%, respectivamente. (mais…)

A Doença Celíaca, também chamada de espru celíaco, espru não-tropical e enteropatia sensível ao glúten, foi descrita inicialmente em 1888 por Samuel Gee. Esta doença é uma alteração do intestino (enteropatia) determinada pelo sistema imunológico, com predisposição genética associada. Os sintomas são desencadeados pela ingestão de alimentos contendo glúten. O glúten é uma proteína de […]
03 jan 13
Síndrome do Intestino Irritável (SII): quais as causas desta doença?


A Síndrome do Intestino Irritável (SII) afeta de 10 a 20% da população, e por isso a sua enorme importância médica. Descreve-se que mecanismos periféricos resultam nos sintomas da SII, e o entendimento destas causas é algo fundamental para os pacientes portadores da síndrome, visto que assim conseguem administrar muito melhor os sintomas e seguir os tratamentos prescritos, além de um melhor controle emocional sobre a doença. Como a Síndrome do Intestino Irritável apresenta inúmeras teorias como explicação para os sintomas e tratamentos variados, é importante que o médico seja capaz de elucidar aos seus pacientes o caminho que está seguindo tanto no diagnóstico da doença como no seu tratamento, e o paciente deve solicitar este tipo de informação. (mais…)

A Síndrome do Intestino Irritável (SII) afeta de 10 a 20% da população, e por isso a sua enorme importância médica. Descreve-se que mecanismos periféricos resultam nos sintomas da SII, e o entendimento destas causas é algo fundamental para os pacientes portadores da síndrome, visto que assim conseguem administrar muito melhor os sintomas e seguir […]