O amanhã chegará

O amanhã chegará

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Segundo o filósofo Nietzsche, “as vacas são mais felizes do que os homens, visto que elas só se preocupam com o presente, não vivem as frustrações do passado, e muito menos as angústias de um futuro incerto”. Como já descrito anteriormente por filósofos, e hoje ratificado pela neurociência, podemos afirmar que: o homem é o único animal que pensa sobre o futuro. A questão é saber se estamos preparados para isto, e se este poder nos torna mais ou menos felizes. A vida é um banco em que seremos credores ou devedores das nossas atitudes, ou seja, o nosso amanhã será o resultado do que guardamos ou consumimos hoje.

O nosso cérebro apresenta duas estruturas distintas, uma é o sistema límbico, herança dos nossos ancestrais mais antigos, e a outra, o lobo frontal, que é o que nos diferencia dos outros animais. O sistema límbico é o responsável pela pronta satisfação dos nossos desejos e vontades, e nunca se preocupa com o amanhã. Ou seja, ele busca sempre o prazer imediato, e não avalia as conseqüências futuras disto. Já o lobo frontal, é aquele que nos faz ponderar sobre a real necessidade destes prazeres, e que não nos deixa levar pela sedução do momento, avaliando os prós e contras de cada situação. O equilíbrio entre estes degladiadores cerebrais é que definirão como será o nosso futuro em todos os aspectos. Se estudamos quando jovens, estaremos mais preparados para encarar o mercado de trabalho no futuro. Mas se SÓ estudamos quando jovens, perdemos a chance de vivenciar a beleza e a energia da juventude. Na verdade, a nossa briga será sempre saber: viverei toda a vida em um único dia, mas com extrema intensidade, ou viverei vários dias em toda a vida, com a sua intensidade muito diluída pelos anos?

Segundo o economista Eduardo Giannetti, autor do livro “O valor do amanhã”, que por sinal me inspirou a escrever este artigo, nós não podemos cair em dois erros intertemporais, a miopia e hipermetropia. Na miopia intertemporal, nós só enxergamos o que está perto, e a nossa visão não alcança as repercussões futuras de tudo o que fazemos. Este é aquele que não se preocupa em poupar para a aposentadoria, quando obviamente não teremos a mesma força de trabalho do jovem, ou aquele que fuma desde cedo, já que o enfisema pulmonar e o infarto do miocárdo são doenças de “velho”. Por outro lado, na hipermetropia intertemporal, a preocupação com o futuro é tão exagerada, que não se vive o presente. O melhor exemplo disto é aquele senhor que poupou dinheiro a vida inteira para um dia aproveitá-lo, só que este dia nunca chega. A vida passou, o futuro chegou, e ele não se deu conta disso. Ou daquele pai que trabalha o dia todo para um dia aproveitar a vida com os filhos. Quando ele acordar, os seus filhos já estão longe, com os seus próprios filhos. Fique atento, não deixe que os seus planos futuros ofusquem a sua visão das boas coisas que estão acontecendo ao seu lado hoje.

O filósofo Arthur Schopenhauer diz que “o jovem vê o a velhice pelo lado contrário do binóculo, ou seja, ela está muito distante e quase inalcançável. Por outro lado, o idoso vê a juventude pelo lado certo do binóculo e chega a conclusão de que a vida parece um passado deveras curto”. Viva os seus dias como se fossem os últimos, mas faça planos como se você fosse eterno.

Postado por:

Dr. Fernando Valério