O médico e o eletricista

O médico e o eletricista


Quando você precisa que um eletricista vá até à sua casa para a realização de um trabalho, alguns aspectos de atendimento são lembrados por você. Com certeza você deseja ter um meio de contato fácil e eficaz para solicitar o serviço deste profissional, que ele possa lhe atender o quanto antes, que seja pontual, que demonstre educação e respeito por você e pelos membros da sua Família, que ouça com calma o que você tem a relatar sobre o motivo da visita dele, que ele lhe explique tudo o que está acontecendo em sua casa, que resolva o problema da forma mais tranqüila possível, que lhe cobre um valor justo pelo trabalho realizado e que esteja disponível para lhe esclarecer alguma dúvida após o serviço ter sido realizado. E que tal se o seu médico também atendesse a todos estes aspectos, com certeza você teria uma chance muito maior de um diagnóstico correto, um tratamento muito mais eficaz e um relacionamento médico-paciente mais produtivo.

Atualmente, os pacientes vão ao médico com medo real de não receberem um tratamento adequado, de não terem a chance de falar o que sentem, de não receberem um olhar sequer do médico, de não perceberem no seu médico um compromisso e consideração pelo seu problema. Este tipo de situação faz com que duvidamos da competência do médico, já que ele nem nos ouviu, como pode estar prescrevendo um remédio, ou pior, indicando uma cirurgia. E acredite, infelizmente isto ocorre o tempo todo. Eu já tive o desprazer de ouvir inúmeros relatos de pacientes sobre atendimentos médicos realizados previamente à minha consulta, tais como “o meu médico jogou paciência no computador enquanto me atendia”, ou “ele nem olhou nos meus olhos, e marcou uma cirurgia”. A maior razão deste artigo não é criticar os profissionais que fazem parte da classe médica, e sim incentivar você a procurar médicos de verdade, que ainda prezam o relacionamento humano, que buscam excelência em seus resultados e são compromissados com tudo o que dizem e fazem com os seus pacientes.

Existem dois tipos de médicos que cometem este tipo de mal atendimento. O primeiro é o mais óbvio, é o medíocre e simplesmente mal educado. Este é muito facilmente identificado, e com certeza não terá  uma carreira respeitada e sólida. Por outro lado, existe aquele médico extremamente capaz, mas que infelizmente peca ao prestar um atendimento. Este, em geral é o médico “Pop Star”, ou seja, aquele que se vê como a grande estrela da consulta, e torna o paciente um mero expectador de luxo para o seu show. O médico “Pop Star” acha que horário não existe, que as pessoas podem se ausentar dos seus trabalhos por horas pelo simples prazer de vê-lo, que não há a necessidade de maiores explicações sobre os casos atendidos, já que o que ele diz é lei. O problema é que este comportamento o afasta do seu paciente, porque ele se torna especial, e não o motivo real da consulta, que é aquele que está doente.

Sinceramente, eu espero terminar a minha carreira com a sensação de que fui um profissional relevante para os meus pacientes, que tive um relacionamento médico-paciente adequado e que fui capaz de mostrar que a humildade e a competência podem andar de braços dados. Hoje eu posso ter a certeza de que é isto que os meus pacientes pensam de mim, já que o carinho com que sou tratado por eles e os resultados obtidos são uma  certificação disto. Quanto mais conhecido e respeitado você se torna, o que é fruto de anos de trabalho bem realizado, melhor tem que ser o atendimento prestado, já que você se torna uma referência para os seus pares e pacientes, e por isso deve-se ter muita responsabilidade sobre isto. No meu caso, logicamente gostaria de ter uma carreira respeitada e sempre lutei por isto, mas sempre tive em mente o desejo de ser um médico-eletricista e não um médico “Pop Star”.

Postado por:

Dr. Fernando Valério