"Yes, they can!" E nós, podemos?

No último mês, os Estados Unidos da América elegeram o primeiro presidente negro da sua História, o que sinceramente, é na minha opinião o fato mais fantástico deste início de século. Este acontecimento será lembrado como um dos maiores da Humanidade, e a razão disto, é que o preconceito perdeu e o inimaginável aconteceu. Com este ato de maturidade explícita, os americanos, que não são obrigados a votar como no Brasil, foram às urnas eleger um presidente negro, filho de Pais divorciados, um imigrante queniano e uma americana, e que passou parte da sua infância na Indonésia, País natal de seu Padrasto. O Mundo já se fechou para as pessoas de bem em vários episódios da História, como nas duas Guerras Mundiais, na Guerra Fria, nos ataques às Torres Gêmeas, mas se abriu em outras, como na queda do Muro de Berlim. Com a eleição de Barack Obama, há a esperança de que o Mundo possa ser um lugar melhor e se abrir novamente, independentemente dele ser ou não um grande Presidente, mas porque foi a maior derrota que o racismo já sofreu em todos os tempos.

A campanha de Barack Obama foi impulsionada por um slogan chamado “Yes, we can!” (sim nós podemos!), o que por si só já é um grande estímulo a todos aqueles que acreditam em suas verdades e seus sonhos. Lembre-se de que ele venceu o impossível, em um País que há alguns anos proibia os negros de morarem em bairros de brancos, em que os negros estudavam em escolas exclusivas e que eram obrigados a ceder os seus lugares em transportes públicos quando um branco estava de pé. Mas o mais importante disto é saber como ele conseguiu, e eu ressaltaria as possibilidades estudantis que teve na vida. Apesar de alguns brasileiros terem uma postura antiamericana clara, deveríamos aprender com eles que a Educação é a única forma de crescimento social, e não uma esmola chamada Bolsa Família, que não passa de um meio de se ganhar votos nas populações mais carentes. Obama se graduou em Ciências Políticas na Universidade de Columbia (Nova Iorque) e em Direito em Harvard, sem ter que que se utilizar de uma prerrogativa chamada “cota de vagas”. Em vez de cobrir uma lacuna de uma preparação escolar medíocre, como a que é oferecida em nosso País aos mais pobres e excluídos através das cotas, eles oferecem oportunidade para aqueles que têm interesse em crescimento acadêmico e profissional, e é por isso que Barack Obama consegui estudar em Universidades tão respeitadas. Se você acha que eu estou exagerando, busque as estatísticas de alunos negros, pardos ou índios que estudaram na Universidade de São Paulo, antes do período de cotas, em cursos como Engenharia, Medicina e Direito. Posso ir mais longe, na turma de Escola do meu filho não há um negro ou pardo sequer, o que é estatisticamente estranho, já que somos um País totalmente miscigenado. O ensino fundamental de boa qualidade é o único caminho viável se quisermos realmente ser uma nação digna, em que todos terão as mesmas oportunidades. O difícil é acreditar que isto mudará a curto prazo quando se vê alunos de escolas públicas batendo em professores e jogando carteiras pelas janelas.

Ressalto também a maturidade política dos Partidos americanos, que deveriam servir de exemplo para os nossos políticos “viradores de casaca”. Nos Estados Unidos existem dois partidos, o Democrata e o Republicano, que têm fundamentos de conduta claros e sabido por todos há anos. Este fato por si só, já facilita a escolha entre os candidatos, e lhes dá a oportunidade de estudá-los mais profundamente e conhecer as suas raízes e pensamentos. No Brasil, nós temos dezenas de partidos políticos, e somos obrigados a conviver com aquela excrescência de candidatos ridículos durante o período de propaganda política gratuita, o que é uma agressão a qualquer cidadão decente. Pior que isto, temos que ver Geraldo Alckmin abraçado com um bandido chamado Roberto Jefferson para ganhar uns votos, assistir um Gilberto Kassab fingir que nunca ouviu falar de Celso Pitta e do qual foi secretáio, ou da Marta Suplicy, aquela que trata dos problemas da população com frases como “relaxa e goza”. Quer mais, o prefeito eleito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, há alguns anos, quando deputado do PSDB, foi um dos mais agressivos incentivadores da queda do Presidente Lula em decorrência do “Mensalão”, e nesta eleição teve o apoio do mesmo em sua candidatura. É difícil saber qual dos dois têm menos vergonha na cara. É por isso que eu acho que ainda temos que evoluir muito, amadurecer, crescer como um País democrático.

Aos Estados Unidos, boa sorte com o seu novo Presidente. Ao Mundo, parabéns, nós vencemos uma grande batalha contra o racismo e a intolerância. Ao Brasil, vamos tentar aprender que a Escola de qualidade é a nossa única esperança.