30 dez 06

A doença hemorroidária, ou seja, a dilatação dos vasos presentes na região do ânus, traz transtornos evidentes a milhões de pessoas ao redor do Mundo. Estes transtornos variam de sangramento e dor ao prolapso hemorroidário (exteriorização destes vasos no momento da evacuação). Todas as informações referentes a doença podem ser lidas em meu site (link Doenças), mas a minha intenção aqui é apagar a impressão geral de que a hemorróida é uma doença obrigatoriamente cirúrgica.A cirurgia para hemorróida é uma das mais temidas pelos portadores desta doença, já que sabidamente o período pós-operatório é extremamente doloroso e difícil. O que é importante enfatizar é que somente os casos mais avançados têm indicação de cirurgia. Para se ter uma idéia prática, de cada 10 pacientes com hemorróida, apenas 2 precisarão ser submetidos ao tratamento cirúrgico, enquanto os outros 8 realizarão outros tipos de tratamentos não cirúrgicos: os tratamentos ambulatoriais. (mais…)

A doença hemorroidária, ou seja, a dilatação dos vasos presentes na região do ânus, traz transtornos evidentes a milhões de pessoas ao redor do Mundo. Estes transtornos variam de sangramento e dor ao prolapso hemorroidário (exteriorização destes vasos no momento da evacuação). Todas as informações referentes a doença podem ser lidas em meu site (link […]
01 fev 06
Apendicite Aguda

O que é?

Apendicite aguda é o nome dado à inflamação e a infecção do apêndice cecal. O apêndice cecal é uma extensão do intestino (ceco), com 6 a 10cm de extensão, que se situa no lado direito e inferior do abdome.
A inflamação do apêndice ocorre devido à obstrução do seu interior por fecalitos (fezes). Devido a esta obstrução, ocorre uma grande proliferação de bactérias, e assim instala-se um processo infeccioso, que pode ser leve ou intenso, dependendo do tempo em que o tratamento será realizado.

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Sintomas

O diagnóstico da apendicite aguda é feito, primeiramente, baseando-se nos sintomas referidos pelo paciente e no exame físico realizado pelo médico. A historia típica da apendicite é a de dor generalizada do abdome, associada à perda de apetite e náusea. Com o passar do tempo, a dor se instala na região epigástrica (estômago), seguindo para a região do umbigo, até finalmente se localizar na parte inferior e direita do abdome. Nesta fase, vômitos podem ocorrer. Em geral ocorre febre baixa (até 38 °C), elevando-se nos casos de perfuração do apêndice (“supurado”).
Ao exame físico, o paciente refere dor à palpação da parte inferior direita do abdome, com freqüente endurecimento da parede abdominal neste local. Os movimentos intestinais ficam mais lentos, o que é percebido pela distensão abdominal, pela diminuição da eliminação de gases e fezes, e pela diminuição dos ruídos intestinais. Nos casos de perfuração do apêndice, com contaminação de toda a cavidade abdominal com pus, todo o abdome ficará dolorido.

Exames

A maioria dos pacientes com apendicite aguda mostra alteração no hemograma, caracterizada por aumento do número das células de defesa (leucócitos), que variam de 10000 a 20000 células (o normal é de até 10000 células). O exame de urina também pode mostrar alteração, devido ao contato do apêndice inflamado com o ureter e a bexiga.
Quanto aos exames de imagem, os mais utilizados atualmente são a ultra-sonografia e a tomografia computadorizada de abdome. Estes exames mostram o espessamento do apêndice e a presença de pus ao seu redor (abscesso). Além disso, estes exames também são úteis para o diagnóstico de outras doenças que causam dor abdominal, e que podem ser confundidas com apendicite, principalmente nas mulheres (cisto de ovário, gravidez tubária). Os estudos atuais mostram que a tomografia computadorizada mostra maior eficácia do que a ultra-sonografia para os diagnósticos de apendicite aguda.

Tratamento

O tratamento da apendicite é a retirada do apêndice, cirurgia chamada de apendicectomia. No entanto, devido ao quadro infeccioso associado, todos os pacientes devem receber antibióticos, tanto no período pré-operatório, quanto no pós-operatório.
Atualmente, o método indicado para a realização da apendicectomia é a cirurgia vídeo-laparoscópica, realizada através de 3 pequenas incisões, e com o auxílio de um monitor. Este tipo de cirurgia permite uma recuperação mais rápida, devido ao pequeno tamanho das incisões, além de um melhor efeito estético. Além disso, a cirurgia vídeo-laparoscópica permite a inspeção de toda a cavidade abdominal, excluindo-se assim, outras causas de dor abdominal. Nos casos em que há um grande abscesso, há a necessidade de colocação de dreno para o completo esvaziamento do pus da cavidade abdominal.
O tempo de internação varia de 24 a 72 horas em média, dependendo sempre do aspecto do apêndice e da presença de pus no momento da cirurgia.

 

O que é? Apendicite aguda é o nome dado à inflamação e a infecção do apêndice cecal. O apêndice cecal é uma extensão do intestino (ceco), com 6 a 10cm de extensão, que se situa no lado direito e inferior do abdome. A inflamação do apêndice ocorre devido à obstrução do seu interior por fecalitos […]
01 fev 06
Abscesso Anorretal

O que é?

O abscesso anorretal é um processo inflamatório agudo da região anal, e geralmente é a primeira manifestação de uma fístula anorretal. A fístula é um trajeto (“túnel”) que se forma entre a parede anorretal e os tecidos vizinhos devido à obstrução de ductos glandulares do canal anal, com o objetivo de drenar (eliminar) um processo infeccioso.
Os abscessos anorretais podem ser decorrentes de outras condições, como: trauma, câncer, radiação, queda da imunidade (AIDS, leucemia), dermatite, tuberculose, doença de Crohn (doença inflamatória intestinal) e fissura anal.
Abscessos e fístulas anorretais ocorrem mais comumente em homens do que mulheres, na proporção de dois homens para cada mulher. No momento do diagnóstico, dois terços dos pacientes estão entre a terceira e quarta décadas de vida.

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Sintomas

O abscesso é identificado como um abaulamento muito doloroso na região ao redor do ânus, e que causa grande desconforto ao evacuar e sentar. Este abaulamento é muito visível nos abscessos mais superficiais, mas não é tão evidente nos mais profundos. Nestes últimos, a valorização da queixa dolorosa do paciente é a chave para um diagnóstico correto.
No caso do abscesso que ocorre dentro da parede do canal anal, ocorre dor retal e anal, sendo que esta é exacerbada com a evacuação. O paciente também refere a sensação de reto “cheio”, podendo haver a saída de pus e muco. O toque retal mostra a presença do abaulamento dentro do canal anal. Este tipo de abscesso dever ser sempre diferenciado da trombose hemorroidária interna, que também é dolorosa e protuberante no canal anal.
O pus geralmente está presente no interior dos abscessos, o que pode ser comprovado com uma simples punção com agulha no próprio consultório. A presença do pus confirma o diagnóstico e indica a necessidade de drenagem cirúrgica. A febre pode estar presente, mas não é uma regra.
O exame físico revela uma área endurecida, quente, com vermelhidão e muito dolorosa ao toque. Em alguns casos, é até possível observar um local de saída de secreção purulenta. No entanto, não devemos esquecer que nos abscessos mais profundos a história clínica pode ser mais evidente do que o exame físico.
Nos casos de difícil diagnóstico, o cirurgião pode sugerir a realização de exames de imagem, como a ultra-sonografia, a tomografia computadorizada ou a ressonância magnética, que identificarão o local e a extensão do abscesso.
Também está indicada a realização de hemograma, para a avaliação do grau da infecção, e de glicemia, devido ao risco de diabetes associada.

Tratamento

O tratamento é cirúrgico, e assim que se identifica o abscesso, este deve ser drenado (esvaziado). Após a retirada do material purulento, realiza-se a lavagem da região como soro ou solução antisséptica. Nos casos mais graves, há a necessidade de se manter um dreno por alguns dias (24 a 72 horas), até que toda a secreção residual seja eliminada. Em alguns casos, pode ser realizada a lavagem da cavidade drenada através do dreno.
No período pós-operatório, o paciente deve realizar banhos de assento com água quente, já que este tem um efeito antiinflamatório.
Os pacientes também deverão fazer uso de antibióticos, principalmente naqueles em que há história de diabetes, doença cardíaca valvular e imunossupressão.
Quanto ao tratamento da fístula anorretal, alguns cirurgiões apresentam a tendência a tentar identificar o trajeto fistuloso no momento da drenagem do abscesso. Na minha opinião, este é um risco, já que como a área se encontra muito inflamada, a chance de identificação correta do trajeto é de 35 a 40%, e um erro na avaliação pode “criar” um novo trajeto. Sendo assim, prefiro que o paciente apresente a cicatrização do abscesso e que se defina o trajeto fistuloso. Desta forma, a cirurgia para o tratamento da fístula pode ser realizado em outra data e de forma mais segura e definitiva.

O que é? O abscesso anorretal é um processo inflamatório agudo da região anal, e geralmente é a primeira manifestação de uma fístula anorretal. A fístula é um trajeto (“túnel”) que se forma entre a parede anorretal e os tecidos vizinhos devido à obstrução de ductos glandulares do canal anal, com o objetivo de drenar […]
01 fev 06

O que é?

Prurido anal é a coceira na região anal. Apesar de ser uma queixa frequente nos consultórios de Proctologia, muitos pacientes não procuram ajuda médica devido a vergonha ou preconceito, o que mostra uma alta prevalência desta doença. Devido à rica inervação da região anal, esta se torna muito sensível à ação de agentes irritantes, e desta forma pode evoluir com prurido anal. Apesar de não representar qualquer risco de morte aos pacientes, o prurido anal traz imenso desconforto e prejuízo à qualidade de vida..

Sintomas

A coceira é geralmente notada na região anal, mas pode afetar também as áreas genitais. Os sintomas tendem a piorar a noite, e até mesmo despertam o paciente do sono.
O prurido anal é mais comum em homens.

Causas

Cerca de metade dos casos de prurido anal não tem a causa definida. A maioria dos quadros tem relação com a dieta e com a perda de fezes após as evacuações. A perda de fezes ocorre principalmente em pacientes com fezes mais líquidas, e pode ser decorrente de uma falha no sistema de inibição da contração anal e consequente relaxamento da musculatura anal após a evacuação.
O prurido anal também pode ser causado por substâncias ingeridas na dieta do paciente, como o café (cafeína), chá (cafeína), bebidas cola, derivados do leite (queijo), álcool (cervejas e vinhos), tomates e derivados (“cat-chup”), chocolate e frutas cítricas.
O prurido anal pode ser causado por doenças anais e intestinais, como hemorróidas, fissuras anais, fístulas anais, e até mesmo câncer anal e colorretal, e por problemas intestinais, como constipação e diarréia, e parasitoses (principalmente oxiúrus).
As doenças dermatológicas também estão associadas, como alergias, dermatites de contato, micoses, seborréia, escabiose, pediculose e psoríase.
Outras causas infecciosas, além da micose (infecção por fungos) e do oxiúrus (parasitose), também devem ser lembrados, principalmente as doenças sexualmente transmissíveis, como o condiloma acuminado em ânus (HPV), herpes genital, gonorréia, sífilis e candidíase.
As alterações de higiene, tanto a falta quanto o excesso, também são causas de prurido anal.
O cigarro também é citado como outro fator.

Diagnóstico

O diagnóstico é realizado através da história clínica e do exame físico, que pode revelar a presença de doenças anorretais ou dermatológicas que justifiquem o quadro. Nos quadros em que há sangramento anal associado, é importante que se realizem exames mais invasivos, como a anuscopia e a colonoscopia, principalmente em pessoas acima de 40 anos. Além disso, lesões suspeitas da região anal devem sofrer biópsia.
Também pode ser realizada a pesquisa de parasitas (oxiúrus) e fungos (micose) através da coleta de material da região anal (swab-anal).

Tratamento

O primeiro passo a ser dado no tratamento do prurido anal consiste na orientação da higiene anal. Muitos casos de prurido estão associados à má higiene, principalmente devido a resíduos de fezes nesta região. No entanto, a higiene exagerada também está associada, principalmente devido a limpeza vigorosa e traumatizante da região anal, que levaria à descamação da pele, tornando-a mais sensível e expondo ainda mais as terminações nervosas. Sempre oriento aos meus pacientes que a região anal deve ser limpa, e não “esterelizada”.
Como a perda de fezes é um dos fatores mais comuns relacionados ao prurido anal, é interessante que este paciente mantenha as fezes pastoas e bem formadas, evitando-se assim quadros de diarréia. Por isso é importante o uso de fibras alimentares que formem um bolo fecal mais consistente, a não ingestão de bedidas alcoólicas e alimentos que possam causar diarréia, como o leite em pessoas com intolerância à lactose.
Nos casos em que se conhece claramente o fator causal do prurido anal, após o afastamento dos mesmos haverá regressão completa dos sintomas.
Outros cuidados incluem a observação de fatores alérgicos, e deve-se orientar a utilização de sabonetes neutros e roupas íntimas de algodão. Nos casos com causa específica, como as parasitoses, micoses, e outras infecções relacionadas, os tratamentos indicados devem ser instituídos.
O tratamento tópico consiste em cremes e pomadas a base de anestésicos e antiinflamatórios. Quando não se obtém bons resultados, pomadas e cremes a base de corticosteróides devem ser consideradas, mas sempre com orientação médica, já que o uso prolongado e indiscriminado pode causar atrofia da pele. Além disso, nos casos com muito prurido noturno, pomadas a base de antihistmínicos (anti-alérgicos) podem ser utilizadas.
Em casos muito raros, sedativos e traqüilizantes devem ser administrados.

 

O que é? Prurido anal é a coceira na região anal. Apesar de ser uma queixa frequente nos consultórios de Proctologia, muitos pacientes não procuram ajuda médica devido a vergonha ou preconceito, o que mostra uma alta prevalência desta doença. Devido à rica inervação da região anal, esta se torna muito sensível à ação de […]
01 fev 06
Hemorróida

O que é?

A doença hemorroidária é a dilatação anormal das veias do canal anal, veias estas chamadas de hemorróidas por alguns. Particularmente, prefiro chamar estas estruturas vasculares de plexos venosos, para qua não ocorra confusão de nomenclatura entre a anatomia normal e a doença. Esta dilatação ocorre provavelmente por um aumento do fluxo sangüíneo da região e pela perda da fixação destas veias à parede do canal anal.
Os sintomas da doença hemorroidária são algumas das queixas mais comuns da civilização moderna, e acredita-se que pelo menos 50% dos indivíduos com idade acima dos 50 anos já tenha experimentado algum sintoma relacionado a hemorróida durante a vida. Mesmo em pessoas jovens, com idade entre 20 e 40 anos, os sintomas de hemorróida podem estar presentes em 20% deste grupo etário. Ambos os sexos são afetados igualmente. A grande maioria das pessoas utiliza-se de medicamentos e pomadas comercializados comumente quando surgem os primeiros sintomas, e quando esta tentativa de tratamento inicial não obtém sucesso, o médico é procurado, principalmente nos casos mais severos.

 

 

Anatomia

O canal anal apresenta três mamilos hemorroidários, que são plexos venosos (conjunto de veias), responsáveis pela drenagem do sangue da região anal. Estes mamilos também têm como função proteger o canal anal de algum trauma durante a evacuação, trabalhando como um amortecedor. Além disso, os mamilos são responsáveis por 15 a 20% da continência fecal, já que ocupam um espaço importante no canal anal.
A dilatação das veias destes mamilos é conhecida como hemorróida.

hemorroida

Tipos de Hemorróidas

As hemorróidas são classificadas de duas formas: quanto a sua localização (interna ou externa) e quanto ao seu grau (1º, 2º, 3º e 4º graus).
As hemorróidas externas são aquelas que surgem do plexo hemorroidário inferior, ou seja, estão localizadas fora do canal anal. Estas hemorróidas apresentam como sintoma mais comum a dor, geralmente causada por ulceração ou trombose (formação de um coágulo dentro das veias).
As hemorróidas internas são aquelas que surgem do plexo hemorroidário superior, ou seja, ocorrem dentro do canal anal. Este tipo de hemorróida tem como sintomas principais o sangramento às evacuações, o prolapso hemorroidário (saída dos mamilos para fora do canal anal no momento da evacuação), ulceração e trombose.
A classificação quanto ao grau da hemorróida é utilizada apenas para as hemorróidas internas, já que se relaciona ao prolapso hemorroidário. No entanto, esta classificação é extremamente importante, pois é nela que se baseia o tipo de tratamento que será realizado, sendo este clínico, ambulatorial ou cirúrgico. No Grau I, o paciente apresenta um aumento no número e tamanho das veias hemorroidárias, mas não há prolapso. No Grau II, os mamilos hemorroidários se apresentam fora do canal anal no momento da evacuação, mas retornam espontaneamente para o dentro do canal anal. No Grau III, também ocorre o prolapso hemorroidário, mas este necessita de ajuda manual para o seu retorno para o canal anal. O Grau IV apresenta um prolapso hemorroidário permanente e irredutível, o que traz extremo desconforto ao paciente.
De acordo com esta classificação, defino a conduta a ser tomada em meus pacientes. Para os pacientes com hemorróida grau I, adoto tratamento clínico, com ênfase na dieta. Para os pacientes com graus II e III, utilizo procedimentos ambulatoriais, ou seja, realizados no próprio consultório no momento da consulta médica. Apenas no grau IV, há uma indicação formal de cirurgia. Sendo assim, tenho como rotina, sempre tentar oferecer um tratamento menos agressivo aos meus pacientes, deixando a cirurgia como a última opção (com exceção do Grau IV, em que esta é uma regra).

Exame

O exame proctológico consiste de três passos: inspeção, toque retal e anuscopia. A inspeção anal é a observação externa do ânus, e esta permite a visualização das hemorróidas externas, assim como das hemorróidas internas prolapsadas. O toque retal tem como objetivo a avaliação da musculatura do ânus, denominada esfíncter anal, além da avaliação de lesões do canal anal. A anuscopia é um exame importante em que se introduz um aparelho (anuscópio) no ânus para a observação interna do canal anal, e é realizado em poucos segundos e sem dor quando procedido por médico habilitado.
A colonoscopia (endoscopia do intestino grosso) não é indicada para a avaliação da doença hemorroidária. No entanto, em pacientes com mais de 50 anos e/ou queixa de sangramento anal, principalmente em famílias com história de câncer do intestino grosso, a colonoscopia deve ser realizada, independentemente do diagnóstico de hemorróida. A presença das hemorróidas não exclui a possibilidade de câncer de intestino, e é por isso que todas as pessoas com sangramento anal devem procurar um médico, já que este é o profissional capaz de oferecer o diagnóstico e tratamento adequados.

Sintomas

Os sintomas mais comuns das hemorróidas internas são o sangramento, o prolapso e a dor. O sangramento está associado à evacuação, não misturado às fezes e cor vermelho “vivo”. O prolapso hemorroidário, que é a saída dos mamilos hemorroidários no momento da evacuação, foi descrito detalhadamente na Classificação. A dor é um sintoma menos comum na hemorróida interna, e em geral está associado a trombose hemorroidária e a gangrena.
As hemorróidas externas apresentam como principais sintomas a dor e o abaulamento, principalmente, quando associados à trombose. Este abaulamento se caracteriza por uma nodulação azulada ou vinhosa, e dolorosa ao toque. Dependendo do tamanho desta trombose externa, ela poderá ser tratada clinicamente ou com excisão (ressecção) local.
O prurido anal (coceira) também é um sintoma comum, e muito associado às hemorróidas.

Tratamento Clínico

O tratamento clínico consiste de cuidados locais a orientação com a dieta, e tem sucesso na maior parte dos pacientes sintomáticos e com queixas de sangramento, irritação e ardência, além do prurido. Deve-se sempre lembrar que o tratamento dever ser prescrito por médico, após avaliação individual de cada caso. Localmente, o paciente deverá realizar higiene anal somente com água, sem a utilização de papel higiênico, banhos de assento com água morna para que haja um efeito anti-inflamatório, e utilizar pomadas analgésicas e anestésicas. Quando o prurido anal e irritação são intensos, podem ser utilizados cremes e pomadas a base de corticóides. Nos casos com dor anal forte, como ocorre na trombose hemorroidária, os analgésicos por via oral também podem ser utilizados.
A dieta deverá ser rica em fibras e com boa hidratação, para que as fezes se tornem mais pastosas, e desta forma, traumatizem menos a região anal. Deve-se lembrar que utilização de fibras colabora muito na resolução do sangramento anal, mas é muito pouco eficaz no tratamento do prolapso. Nos casos de trombose ainda podem ser utilizados medicamentos que aumentem o tônus do plexo venoso e a sua permeabilidade, fazendo com que o fuxo sanguíneo seja incrementado nas veias obstruídas pelos coágulos, com consequente diminuição do volume das hemorróidas comprometidas.

Tratamento Ambulatorial

O tratamento ambulatorial consiste na resolução do quadro hemorroidário no consultório médico, e é indicado para aqueles pacientes que não apresentaram melhora com as medidas clínicas usadas habitualmente. Este tipo de tratamento traz como vantagens a comodidade de não necessitar de internação hospitalar, a rapidez com que os procedimentos são realizados, os bons resultados, e a ausência da dor pós-operatória.
Existem várias formas de tratamento ambulatorial para hemorróidas internas: ligadura elástica, escleroterapia (injeção de substância esclerosante), crioterapia (congelamento da hemorróida), coagulação infravermelha e laser. Quanto às hemorróidas externas, com exceção dos casos de trombose, elas não necessitam de tratamento ambulatorial ou terapia cirúrgica.
Em meu consultório utilizo a ligadura elástica como método de escolha para o tratamento de hemorróidas internas, já que este é o procedimento ambulatorial mais aceito na literatura médica mundial para o tratamento do sangramento e do prolapso hemorroidários (graus I, II e III). Além disso, é mais efetivo, apresenta menor taxa de recorrência dos sintomas e apresenta menor número de complicações do que os outros métodos ambulatoriais citados. Os últimos estudos mostram que a ligadura elástica pode até apresentar taxas de recidivas da doença e sintomas maiores que a cirurgia tradicional, mas gera muito menos complicações e dor aos pacientes. A ligadura elástica foi descrita em 1954, e pelas razões citadas acima, além da fácil execução do método, a não necessidade do uso de anestésicos, raras complicações e efetividade comprovada, ainda não foi suplantado por tecnologias mais modernas como o melhor método ambulatorial para o tratamento das hemorróidas.
A ligadura elástica consiste na aplicação de um elástico na região acima dos mamilos hemorroidários (área menos sensível para dor), causando assim, a necrose do tecido ligado e fixação destes mamilos. Desta forma, a hemorróida não precisa ser retirada, e sim fixada no canal anal, o que se chama hemorroidopexia. Quanto ao número de sessões necessárias para o tratamento completo, isto dependerá do número de mamilos comprometidos. Particularmente prefiro tratar um mamilo por sessão, o que gera menor desconforto e menor incidência de complicações. Os resultados com a ligadura elástica são tão positivos, que há uma redução em 80% das indicações de cirurgia, ou seja, a cada dez pacientes, oito se beneficiarão da ligadura elástica. Segundo a literatura médica e a minha experiência pessoal, o índice de satisfação dos pacientes com a ligadura elástica é de 90%, sendo que a chance de cura em uma única aplicação é de 60 a 70%.

ligadura_elastica

Tratamento Cirúrgico

O tratamento cirúrgico é realizado em Centro Cirúrgico, e o procedimento é realizado sob anestesia. O tratamento cirúrgico consiste na ressecção do mamilos hemorroidários, e está indicado nas hemorróidas internas Grau IV, nos casos em que as hemorróidas internas estão associadas às externas, nos casos que evoluem com trombose hemorroidária (devido a dor intensa). Alguns casos em que os procedimentos ambulatoriais não se mostraram efetivos também devem ser submetidos a tratamento cirúrgico.
A cirurgia pode ser realizada de duas maneiras, a técnica convencional ou a técnica com grampeador mecânico. Na técnica convencional, os mamilos hemorroidários são ressecados, e os vasos que causavam o sangramento suturados (ligados). Na técnica com grampeador mecânico, a hemorróida é fixada no canal anal (hemorroidopexia cirúrgica), mas não há ressecção dos mamilos.
A técnica convencional tem como vantagens poder ser aplicada em qualquer tipo de hemorróida, e ser o método mais efetivo no tratamento da doença, com menor taxa de recidiva. No entanto tem como desvantagem a dor de maior intensidade no período pós-operatório. A técnica com grampeador mecânico tem como principal vantagem causar pouca dor no período pós-operatório, e como desvantagem ser restrita a alguns casos selecionados, ser menos efetiva que a cirurgia tradicional, ter complicações cirúrgicas mais graves (como o sangramento), além do retorno dos sintomas ser mais frequente.
No pós-operatório o paciente realiza banhos de assento, utiliza pomadas analgésicas/anestésicas, recebe analgésicos potentes e faz dieta rica em fibras.

O que é? A doença hemorroidária é a dilatação anormal das veias do canal anal, veias estas chamadas de hemorróidas por alguns. Particularmente, prefiro chamar estas estruturas vasculares de plexos venosos, para qua não ocorra confusão de nomenclatura entre a anatomia normal e a doença. Esta dilatação ocorre provavelmente por um aumento do fluxo sangüíneo […]
01 fev 06
Cálculo de Vesícula Biliar ( Colelitíase )

O que é?

Colelitíase é a formação de cálculos (pedras) no interior da vesícula biliar (90% dos casos) ou dos ductos biliares (dentro e fora do fígado). Nos últimos anos tem havido aumento da incidência e do diagnóstico desta doença.
Com o uso cada vez maior da ultra-sonografia abdominal em exames de rotina ou (check-up), muitos casos de cálculos em vesícula biliar têm sido diagnosticados, mesmo antes do paciente apresentar qualquer sintoma.
Os tipos de cálculos mais comuns são os de colesterol (90%), e em segundo lugar os de bilirrubina (10%), que ocorrem em pessoas portadoras de alguns tipos de anemia ou com deficiência do metabolismo da bilirrubina (pigmento metabolizado pelo fígado).

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Quando ocorre?

Os estudos têm demonstrado claramente um aumento da incidência de cálculos biliares com o passar da idade. Embora rara na população pediátrica, as crianças com distúrbios hematológicos (alguns tipos de anemia), e com dificuldade de absorção de sais biliares estão predispostas à formação de cálculos biliares.
A calculose biliar é mais comum em entre as mulheres, e deve estar ligado a fatores hormonais, já que há um aumento do número de casos com a gravidez. Esta variação hormonal alteraria a motilidade da vesícula biliar, causando uma dificuldade de esvaziamento, assim como a alteração do metabolismo do colesterol.
A obesidade também é um fator de risco, já que nestes pacientes há um aumento da concentração de colesterol. A diabetes também causa um aumento na incidência dos cálculos na vesícula biliar, devido a uma supersaturação do colesterol.

Sintomas

A presença de cálculos na vesícula biliar pode se manifestar de várias maneiras, sendo que muitos pacientes são assintomáticos (mais de 50%) por vários anos. Nos casos sintomáticos, a obstrução do ducto da vesícula biliar por um cálculo pode causar dor no abdome, principalmente do lado direito próximo às costelas, conhecida como cólica biliar. A cólica é causada pela contração da vesícula biliar contra a resistência imposta pela obstrução do ducto, e classicamente surge de 30 a 60 minutos depois das refeições. Caso a obstrução persista, pode haver a evolução para uma inflamação aguda da vesícula biliar (colecistite aguda).
A calculose biliar também pode se apresentar como “má” digestão, desconforto abdominal vago, náuseas e vômitos, ou mesmo flatulência. Este quadro tende a piorar com a ingestão de alimentos gordurosos, mas todos os alimentos podem desencadear sintomas.

Diagnóstico

A ultra-sonografia do abdome é o método de escolha para a avaliação de pacientes com suspeita de cálculos biliares, e apresenta um índice de acerto de 95 a 99%. Tem como vantagens, além da eficácia, ser um método não invasivo (sem anestesia ou contraste), sem irradiação, razoavelmente barato e desprovido de efeitos colaterais.
Os exames laboratoriais podem mostrar a alteração de enzimas do fígado e dos ductos biliares. O hemograma estará alterado no caso de infecção.

Complicações

De todos os pacientes portadores de cálculos biliares, de 15 a 20% apresentarão complicações mais graves devido aos cálculos biliares. Estas complicações podem ser referentes à obstrução da vesícula por cálculos maiores, como a colecistite aguda, ou devido à migração dos cálculos biliares pequenos da vesícula para os ductos biliares, como a coledocolitíase, a colangite e a pancreatite aguda. Um risco associado à presença de cálculos de vesícula biliar é o desenvolvimento de câncer de vesícula.
A colecistite aguda é a complicação mais comum do cálculo de vesícula. Ela ocorre devido à implantação do cálculo biliar na saída da vesícula biliar, causando a obstrução persistente da vesícula, e conseqüente inflamação e infecção. As características da dor da colecistite aguda são parecidas com a da cólica biliar, no entanto, de maior intensidade, o que a difere da cólica biliar, e que pode persistir por alguns dias. Os sintomas se completam com náusea, vômito, anorexia (perda do apetite) e febre. A ultra-sonografia mostra, além dos cálculos no interior da vesícula, um espessamento da parede (devido à inflamação) e distensão (devido à obstrução) da vesícula biliar. O tratamento consiste na ressecção da vesícula biliar e a administração de antibióticos.
Coledocolitíase é o nome dado à impactação de cálculos biliares no ducto biliar fora da vesícula (este ducto é chamado de colédoco). Na sua grande maioria, estes cálculos são originários da vesícula biliar, que migram para o ducto colédoco. Os sintomas são dor abdominal em cólica, que pode ser contínua ou intermitente, associado à náusea e vômitos. Dependendo da intensidade da obstrução do ducto colédoco, os pacientes apresentarão icterícia (coloração amarelada na pele e olhos) e urina escura (cor de “chá mate”). A icterícia ocorre devido ao acúmulo de líquido biliar que não foi esvaziado do ducto colédoco devido à obstrução. O tratamento se inicia com a retirada do cálculo do ducto colédoco através de endoscopia digestiva ou durante o procedimento cirúrgico, seguido da ressecção da vesícula biliar, que é a formadora dos cálculos.
A colangite é a infecção do ducto biliar causada pela impactação do cálculo no ducto colédoco. Os sintomas são febre, icterícia e dor abdominal. Nos pacientes com infecção grave, pode haver alteração da pressão sangüínea e do pulso, assim como confusão mental. Os pacientes com colangite devem ser internados de forma urgente, devido ao risco de sepse (infecção generalizada). O tratamento inicial é realizado com a administração de antibióticos e hidratação. A seguir, como na coledocolitíase, o cálculo dever ser retirado do ducto biliar (colédoco). A ressecção da vesícula também deve ser realizada.
A pancreatite aguda é a inflamação do pâncreas. Esta doença decorre da obstrução do ducto do pâncreas por um cálculo que migrou da vesícula. Os sintomas são dor abdominal forte, febre, náusea e vômito, além de distensão abdominal. Em alguns casos a pancreatite pode ser severa, causando necrose e hemorragia do pâncreas, com risco de morte evidente. O paciente será submetido à ressecção do cálculo, assim como nos casos anteriores. A retirada da vesícula biliar é realizada após a melhora dos sintomas da pancreatite.
O câncer da vesícula biliar é reconhecido como uma complicação potencial dos pacientes com cálculos em vesícula. Em particular, esta complicação é mais freqüente em pacientes com cálculos únicos e grandes (principalmente os maiores que três centímetros). De 70 a 90% dos pacientes com câncer de vesícula apresentam cálculo biliar, e 0,4% de todos os pacientes com cálculo de vesícula apresentarão câncer na vesícula biliar.

Tratamento

Devido ao quadro clínico da calculose da vesícula biliar, e dos riscos de complicações sérias, tenho como rotina em meus pacientes, pela ressecção da vesícula biliar em pacientes sintomáticos e/ou com cálculos múltiplos e pequenos (risco de migração do cálculo). Nos pacientes assintomáticos e com cálculo único, a conduta não cirúrgica e o acompanhamento clínico devem ser a regra.
O tratamento da calculose biliar consiste na ressecção da vesícula biliar. Atualmente o método utilizado é a cirurgia vídeo-laparoscópica. Neste método, são realizadas quatro pequenas incisões (cortes) no abdome do paciente, por onde são introduzidas as pinças e a câmera de vídeo. O cirurgião realiza o procedimento através de um monitor posicionado ao lado do paciente. As vantagens da cirurgia vídeo-laparoscópica são inúmeras. A recuperação é rápida, já que a dor é mínima, por não haver uma grande incisão (corte). Isto permite que os pacientes retornem às suas atividades profissionais no menor tempo possível. O efeito estético também é bom, porque as incisões apresentam dimensões pequenas (variam de 0,5cm a 1cm).
Em geral, os pacientes recebem alta hospitalar no dia seguinte ao da cirurgia.

 

O que é? Colelitíase é a formação de cálculos (pedras) no interior da vesícula biliar (90% dos casos) ou dos ductos biliares (dentro e fora do fígado). Nos últimos anos tem havido aumento da incidência e do diagnóstico desta doença. Com o uso cada vez maior da ultra-sonografia abdominal em exames de rotina ou (check-up), […]