01 fev 06
Cálculo de Vesícula Biliar ( Colelitíase )

O que é?

Colelitíase é a formação de cálculos (pedras) no interior da vesícula biliar (90% dos casos) ou dos ductos biliares (dentro e fora do fígado). Nos últimos anos tem havido aumento da incidência e do diagnóstico desta doença.
Com o uso cada vez maior da ultra-sonografia abdominal em exames de rotina ou (check-up), muitos casos de cálculos em vesícula biliar têm sido diagnosticados, mesmo antes do paciente apresentar qualquer sintoma.
Os tipos de cálculos mais comuns são os de colesterol (90%), e em segundo lugar os de bilirrubina (10%), que ocorrem em pessoas portadoras de alguns tipos de anemia ou com deficiência do metabolismo da bilirrubina (pigmento metabolizado pelo fígado).

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Quando ocorre?

Os estudos têm demonstrado claramente um aumento da incidência de cálculos biliares com o passar da idade. Embora rara na população pediátrica, as crianças com distúrbios hematológicos (alguns tipos de anemia), e com dificuldade de absorção de sais biliares estão predispostas à formação de cálculos biliares.
A calculose biliar é mais comum em entre as mulheres, e deve estar ligado a fatores hormonais, já que há um aumento do número de casos com a gravidez. Esta variação hormonal alteraria a motilidade da vesícula biliar, causando uma dificuldade de esvaziamento, assim como a alteração do metabolismo do colesterol.
A obesidade também é um fator de risco, já que nestes pacientes há um aumento da concentração de colesterol. A diabetes também causa um aumento na incidência dos cálculos na vesícula biliar, devido a uma supersaturação do colesterol.

Sintomas

A presença de cálculos na vesícula biliar pode se manifestar de várias maneiras, sendo que muitos pacientes são assintomáticos (mais de 50%) por vários anos. Nos casos sintomáticos, a obstrução do ducto da vesícula biliar por um cálculo pode causar dor no abdome, principalmente do lado direito próximo às costelas, conhecida como cólica biliar. A cólica é causada pela contração da vesícula biliar contra a resistência imposta pela obstrução do ducto, e classicamente surge de 30 a 60 minutos depois das refeições. Caso a obstrução persista, pode haver a evolução para uma inflamação aguda da vesícula biliar (colecistite aguda).
A calculose biliar também pode se apresentar como “má” digestão, desconforto abdominal vago, náuseas e vômitos, ou mesmo flatulência. Este quadro tende a piorar com a ingestão de alimentos gordurosos, mas todos os alimentos podem desencadear sintomas.

Diagnóstico

A ultra-sonografia do abdome é o método de escolha para a avaliação de pacientes com suspeita de cálculos biliares, e apresenta um índice de acerto de 95 a 99%. Tem como vantagens, além da eficácia, ser um método não invasivo (sem anestesia ou contraste), sem irradiação, razoavelmente barato e desprovido de efeitos colaterais.
Os exames laboratoriais podem mostrar a alteração de enzimas do fígado e dos ductos biliares. O hemograma estará alterado no caso de infecção.

Complicações

De todos os pacientes portadores de cálculos biliares, de 15 a 20% apresentarão complicações mais graves devido aos cálculos biliares. Estas complicações podem ser referentes à obstrução da vesícula por cálculos maiores, como a colecistite aguda, ou devido à migração dos cálculos biliares pequenos da vesícula para os ductos biliares, como a coledocolitíase, a colangite e a pancreatite aguda. Um risco associado à presença de cálculos de vesícula biliar é o desenvolvimento de câncer de vesícula.
A colecistite aguda é a complicação mais comum do cálculo de vesícula. Ela ocorre devido à implantação do cálculo biliar na saída da vesícula biliar, causando a obstrução persistente da vesícula, e conseqüente inflamação e infecção. As características da dor da colecistite aguda são parecidas com a da cólica biliar, no entanto, de maior intensidade, o que a difere da cólica biliar, e que pode persistir por alguns dias. Os sintomas se completam com náusea, vômito, anorexia (perda do apetite) e febre. A ultra-sonografia mostra, além dos cálculos no interior da vesícula, um espessamento da parede (devido à inflamação) e distensão (devido à obstrução) da vesícula biliar. O tratamento consiste na ressecção da vesícula biliar e a administração de antibióticos.
Coledocolitíase é o nome dado à impactação de cálculos biliares no ducto biliar fora da vesícula (este ducto é chamado de colédoco). Na sua grande maioria, estes cálculos são originários da vesícula biliar, que migram para o ducto colédoco. Os sintomas são dor abdominal em cólica, que pode ser contínua ou intermitente, associado à náusea e vômitos. Dependendo da intensidade da obstrução do ducto colédoco, os pacientes apresentarão icterícia (coloração amarelada na pele e olhos) e urina escura (cor de “chá mate”). A icterícia ocorre devido ao acúmulo de líquido biliar que não foi esvaziado do ducto colédoco devido à obstrução. O tratamento se inicia com a retirada do cálculo do ducto colédoco através de endoscopia digestiva ou durante o procedimento cirúrgico, seguido da ressecção da vesícula biliar, que é a formadora dos cálculos.
A colangite é a infecção do ducto biliar causada pela impactação do cálculo no ducto colédoco. Os sintomas são febre, icterícia e dor abdominal. Nos pacientes com infecção grave, pode haver alteração da pressão sangüínea e do pulso, assim como confusão mental. Os pacientes com colangite devem ser internados de forma urgente, devido ao risco de sepse (infecção generalizada). O tratamento inicial é realizado com a administração de antibióticos e hidratação. A seguir, como na coledocolitíase, o cálculo dever ser retirado do ducto biliar (colédoco). A ressecção da vesícula também deve ser realizada.
A pancreatite aguda é a inflamação do pâncreas. Esta doença decorre da obstrução do ducto do pâncreas por um cálculo que migrou da vesícula. Os sintomas são dor abdominal forte, febre, náusea e vômito, além de distensão abdominal. Em alguns casos a pancreatite pode ser severa, causando necrose e hemorragia do pâncreas, com risco de morte evidente. O paciente será submetido à ressecção do cálculo, assim como nos casos anteriores. A retirada da vesícula biliar é realizada após a melhora dos sintomas da pancreatite.
O câncer da vesícula biliar é reconhecido como uma complicação potencial dos pacientes com cálculos em vesícula. Em particular, esta complicação é mais freqüente em pacientes com cálculos únicos e grandes (principalmente os maiores que três centímetros). De 70 a 90% dos pacientes com câncer de vesícula apresentam cálculo biliar, e 0,4% de todos os pacientes com cálculo de vesícula apresentarão câncer na vesícula biliar.

Tratamento

Devido ao quadro clínico da calculose da vesícula biliar, e dos riscos de complicações sérias, tenho como rotina em meus pacientes, pela ressecção da vesícula biliar em pacientes sintomáticos e/ou com cálculos múltiplos e pequenos (risco de migração do cálculo). Nos pacientes assintomáticos e com cálculo único, a conduta não cirúrgica e o acompanhamento clínico devem ser a regra.
O tratamento da calculose biliar consiste na ressecção da vesícula biliar. Atualmente o método utilizado é a cirurgia vídeo-laparoscópica. Neste método, são realizadas quatro pequenas incisões (cortes) no abdome do paciente, por onde são introduzidas as pinças e a câmera de vídeo. O cirurgião realiza o procedimento através de um monitor posicionado ao lado do paciente. As vantagens da cirurgia vídeo-laparoscópica são inúmeras. A recuperação é rápida, já que a dor é mínima, por não haver uma grande incisão (corte). Isto permite que os pacientes retornem às suas atividades profissionais no menor tempo possível. O efeito estético também é bom, porque as incisões apresentam dimensões pequenas (variam de 0,5cm a 1cm).
Em geral, os pacientes recebem alta hospitalar no dia seguinte ao da cirurgia.

 

O que é? Colelitíase é a formação de cálculos (pedras) no interior da vesícula biliar (90% dos casos) ou dos ductos biliares (dentro e fora do fígado). Nos últimos anos tem havido aumento da incidência e do diagnóstico desta doença. Com o uso cada vez maior da ultra-sonografia abdominal em exames de rotina ou (check-up), […]
01 fev 06
Diverticulite Aguda

O que é?

Divertículos são formações saculares que podem ser encontradas em todo o tubo digestivo, localizando-se, entretanto, com maior freqüência ao longo do intestino grosso. Estas saculações são o resultado da fraqueza de alguns locais da parede do intestino grosso, principalmente na musculatura desta parede.
Esta doença atinge 8% da população mundial, e aumenta progressivamente com a idade. Sabe-se que um terço das pessoas com mais de 60 anos apresentam divertículos intestinais. Em contrapartida, é menos freqüente em pessoas com idade inferior a 40 anos (2 a 5%).
A diverticulite aguda ocorre devido à obstrução destes divertículos por fezes ou por alguns alimentos, o que levaria a um grande processo inflamatório na parede intestinal, associado a uma infecção do local. A diverticulite aguda é uma complicação comum na evolução e história natural da doença diverticular, e ocorre em 10 a 25% dos pacientes com divertículos intestinais.
A evolução da diverticulite aguda pode ser para a resolução pelo tratamento clínico, ou então se complica pela formação de abscesso (pus), perfuração e peritonite (infecção da cavidade abdominal). De acordo com esta evolução, a diverticulite aguda se apresenta em quatro graus: (1) inflamação e infecção limitada à parede do intestino grosso; (2) abscesso (presença de pus) próximo ao divertículo comprometido; (3) perfuração do abscesso com vazamento de pus para toda a cavidade abdominal; e (4), o vazamento de fezes para a cavidade abdominal devido à perfuração do divertículo.

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Sintomas

Apesar da diverticulite aguda acometer qualquer idade, ela é mais comumente observada em pacientes com mais de 50 anos de idade. A dor é a sua principal característica, estando esta localizada no lado esquerdo do abdome. O sintoma doloroso é semelhante ao da apendicite aguda, só que no lado esquerdo. A dor tem um início lento, mas progressivo, tornando-se constante com a evolução do processo inflamatório, e se apresenta como cólica intestinal.
Observam-se náuseas, mas os vômitos são infreqüentes, e quando presentes podem sugerir intenso processo inflamatório intestinal. A distensão do abdome é uma queixa freqüente, principalmente após as refeições. A febre é outro sintoma normalmente referido e, quando elevada, sugere a possibilidade de diverticulite com abscesso. Alterações do hábito intestinal, como diarréia e, principalmente constipação, também são muito comuns. Surtos repetidos de diverticulite aguda levam ao estreitamento do intestino grosso, causando distensão do abdome e alteração na forma das fezes (em fita ou “bolinhas”).
Devido à proximidade do intestino grosso com a bexiga e o ureter, alguns pacientes referem sintomas semelhantes aos da infecção urinária, como a ardência ao urinar.
Ao exame físico, o paciente refere dor à palpação do abdome, e dependendo da intensidade (abscesso ou peritonite), o exame é extremamente desconfortável para o paciente. Em alguns casos, o intestino grosso acometido pela diverticulite é facilmente palpável devido ao grande processo inflamatório ou à presença de abscesso volumoso.

Diagnóstico

O exame de sangue (hemograma) mostra um aumento das células de defesa (leucócitos), podendo ser este aumento discreto (diverticulite leve) ou intenso (abscesso e peritonite).
A ultra-sonografia e a tomografia computadorizada do abdome são métodos úteis no diagnóstico da diverticulite aguda, pois mostram a inflamação da parede do intestino grosso, além da presença do abscesso. Nos casos que atendo em meu consultório, dou preferência à tomografia, já que este é um método de maior eficácia do que a ultra-sonografia no diagnóstico da diverticulite e das suas complicações, além de possibilitar o diagnóstico de outras doenças (ginecológicas e apendicite aguda), quando não se tem certeza se a causa dos sintomas é mesmo a diverticulite.
Um outro exame importante no diagnóstico da diverticulite é o enema opaco. Neste exame injeta-se contraste no interior do intestino, e desta forma, o exame mostra a presença dos divertículos, do processo inflamatório na parede do intestino grosso, além, da diminuição do calibre do intestino. No entanto, este exame só pode ser realizado por médico experiente, pois a colocação do contraste no intestino gera um aumento da pressão em seu interior, o que levaria ao risco de perfuração do divertículo.

Tratamento

O tratamento depende da intensidade dos sintomas e da presença ou não de complicações. As diverticulites muito leves podem apresentar resolução em ambiente domiciliar, e os pacientes são orientados a fazerem dieta sem fibra, e recebem antibióticos para o tratamento da infecção associada, de analgésicos, para o tratamento dos sintomas dolorosos, de antieméticos para a prevenção de náuseas e vômitos e antigases, para a melhora da distensão abdominal.
Nas formas não complicadas, nas quais o paciente apresenta dor mais forte, febre, desconforto à palpação do abdome e alteração no hemograma, o tratamento clínico deve ser indicado. O tratamento clínico consiste em hospitalização, jejum ou dieta leve para promover o “repouso intestinal”, e hidratação. Estes pacientes recebem antibióticos e analgésicos por via endovenosa (veia). Após a melhora dos sintomas dolorosos e do quadro infeccioso, a dieta é reintroduzida de forma progressiva. O tratamento clínico permite a cura em 70 a 85% dos pacientes com diverticulite aguda.
O tratamento cirúrgico está indicado nos casos em que houve falha no tratamento clínico ou na existência de complicações, como o abscesso e a perfuração intestinal. A operação consiste na ressecção (retirada) da parte do intestino grosso comprometida pelos divertículos e pela diverticulite, com reconstrução do intestino (junção).
Nos casos em que há uma grande infecção intestinal associada à presença de pus e fezes na cavidade abdominal, a ressecção do intestino também é realizada. No entanto, a reconstrução do intestino pode ser perigosa devido ao risco de fístula (vazamento) no local de junção das partes do intestino. Nestes casos, realiza-se uma colostomia (exteriorização do intestino grosso através da parede do abdome). Depois de resolvido o processo inflamatório e infeccioso por completo, o paciente é submetido à reconstrução do trânsito intestinal normal, com fechamento da colostomia. Este segundo tempo da cirurgia é realizado, em geral, dois meses após o primeiro tempo do tratamento cirúrgico.

O que é? Divertículos são formações saculares que podem ser encontradas em todo o tubo digestivo, localizando-se, entretanto, com maior freqüência ao longo do intestino grosso. Estas saculações são o resultado da fraqueza de alguns locais da parede do intestino grosso, principalmente na musculatura desta parede. Esta doença atinge 8% da população mundial, e aumenta […]
01 fev 06
Síndrome do Intestino Irritável

O que é?

A Síndrome do Intestino Irritável (SII) é distúrbio gastrointestinal que se caracteriza-se pela presença de dor abdominal crônica e pela alteração do hábito intestinal, na ausência de qualquer causa orgânica. Esta doença afeta de 10 a 15% das pessoas em todo o Mundo. Destes pacientes, apenas 15% procuram ajuda médica, mas como o número de pessoas comprometidas pela doença é grande, a SII representa de 25 a 50% das consultas em gastroenterologistas. A dor abdominal e o desconforto intestinal experimentados pelos pacientes com SII causam a piora na qualidade de vida, e fazem com que estes pacientes procurem ajuda médica. A SII é a segunda causa de falta ao trabalho por motivos médicos, ficando atrás apenas das gripes e resfriados comuns.
A SII ocorre em idades variáveis, mas é mais frequente em adolescentes e adultos jovens. O início dos sintomas após 50 anos de idade é incomum. As mulheres são duas vezes mais afetadas do que os homens, e a associação com períodos de estresse psicossocial é evidente.

 

 

Sintomas

Os sintomas da Síndrome do Intestino Irritável são dor abdominal (cólica), distensão abdominal (gases), diarréia e constipação. A dor abdominal pode ser de média a forte intensidade, podendo se relacionar com a dieta e estresse, e localiza-se mais comumente na parte inferior do abdome. A diarréia é um sintoma comum e inconveniente, já que altera o estilo de vida (idas freqüentes ao banheiro), incontinência fecal (perda involuntária de fezes), urgência evacuatória e ansiedade. A diarréia acontece predominantemente após o despertar e após as refeições, e pode ser precedida de desconforto abdominal. A evacuação de fezes com muco pode estar presente em 50% dos casos. A constipação está associada à distensão abdominal, flatulência, dor abdominal e alteração estética. Os pacientes ainda podem referir a sensação de evacuação incompleta, mesmo quando o reto se encontra vazio. Em alguns casos há alternância dos sintomas, ou seja, em um período o paciente se queixa da diarréia, e em outro, da constipação.
Alguns outros sintomas gatrointestinais são descritos, como a dispepsia (má-digestão), o refluxo gastroesofágico, saciedade precoce e náusea. Além disso, um dos sintomas mais comumentes decritos é a presença de gases intestinais. Em relação às manifestações não-gastrointestinais, as mais comuns são a dor torácica não associada a problemas cardíacos, aumento da frequência e urgência urinárias, dor à relação sexual (mulheres), piora da função sexual e desencadeamento de sintomas de doenças reumatológicas (como a fibromialgia).
Deve-se sempre lembrar que a SII é uma doença funcional, ou seja, não há qualquer lesão anatômica associada. Desta forma, não há motivos para sangramento intestinal, febre, anorexia, anemia, desnutrição e perda de peso. Quando estes sintomas estão presentes, outras doenças devem ser pesquisadas e a ajuda médica torna-se imprescindível. Sendo assim, todos os exames complementares, como exames de sangue e endoscopias mostram resultados normais na SII.
O exame físico dos pacientes com SII mostra alterações discretas, como dor à palpação abdominal e a constatação da distensão abdominal. Nos casos com diarréia, pode haver um aumento dos ruídos intestinais.

Como ocorre a Síndrome do Intestino Irritável?

As causas da Síndrome do Intestino Irritável são desconhecidas, mas acredita-se que estejam associadas a aumento da sensibilidade intestinal e a alterações motoras do intestino. A ansiedade e o estresse psicossocial devem ser sempre lembrados, já que são eles que desencadeiam e mantém, na maior parte das vezes, os sintomas intestinais e abdominais. As alterações de sensibilidade intestinal (hipersensibilidade) caracterizam-se pelo surgimento da dor em cólica em condições em que a pressão intestinal aumenta, como na flatulência e na constipação. O que chama a atenção nos pacientes com SII é que a pressão que seria bem tolerada em uma pessoa sem a doença, causa um imenso desconforto e dor nos pacientes portadores desta enfermidade.
Quanto às alterações motoras intestinais, estas se caracterizam pelo funcionamento anormalmente rápido ou lento do intestino. Quando o funcionamento intestinal é rápido, a diarréia é o sintoma preponderante, e quando lento, é a constipação que se faz presente.
Em 10% dos pacientes, os sintomas da Síndrome do Intestino Irritável se iniciaram após um episódio de infecção intestinal bacteriana, o que se denomina SII pós-infecciosa, também conhecida como “distúrbio intestinal pós-disenteria”. Este processo é mais comum naqueles pacientes que apresentaram quadros diarréricos severos e prolongados, jovens e mulheres.

Tratamento Não Medicamentoso

O tratamento não medicamentoso é adequado para muitos pacientes, e deve ser mantido quando se opta pelo tratamento medicamentoso. Primeiramente, deve haver um bom relacionamento médico-paciente, já que a doença é crônica e se caracteriza pela presença de recidiva dos sintomas, e o paciente deve estar seguro de que está sendo bem assistido. Além disso, o paciente deve ser esclarecido sobre as razões dos seus sintomas e sobre as opções de tratamento. A alteração no estilo de vida deve ser levada em consideração, já que o estresse e a ansiedade são os fatores que desencadeiam e mantém os sintomas intestinais. Neste aspecto, a realização de exercícios físicos também tem grande valor.
O cuidado com a dieta é importante, e deve-se evitar alguns tipos de alimentos, como a cafeína em excesso, alimentos ricos em gordura, excesso de lactose (leite, queijo). No caso da lactose, 25% dos pacientes com a SII podem apresentar intolerância a esta substância, e portanto a dimuição do seu consumo pode evoluir com a melhora dos sintomas em alguns casos. Nos pacientes com constipação, deve-se estimular a dieta rica em fibras. Nos casos em que há distensão abdominal devido a gases intestinais, alimentos como feijão, lentilha, cenoura, uva-passa, damasco, brócolis, couve-flor e cebola devem ser evitados.
A utilização de suplementos de fibras é estimulada nos pacientes com SII, já que nestes casos, as fezes se tornam mais pastosas e lubrificadas, e os movimentos intestinais são mais eficientes, com conseqüente evacuação menos traumática. Quanto às opções de fibras, as solúveis são mais efetivas que as insolúveis. Alguns estudos mostram que os suplementos de fibras trazem benefícios aos pacientes com constipação, mas podem piorar os sintomas em pacientes com diarréia.
A psicoterapia é utilizada naqueles pacientes em que os fatores emocionais estão fortemente relacionados aos sintomas. Nos pacientes com diarréia e dor abdominal, a psicoterapia mostra bons resultados. Infelizmente, o mesmo não se observa nos pacientes com constipação.

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Tratamento Medicamentoso

O tratamento medicamentoso da Síndrome do Intestino Irritável inclui medidas que controlem os sintomas relacionados à constipação, diarréia e dor abdominal, já que se trata de doença crônica e sem cura definitiva. Nos pacientes com constipação, o objetivo do tratamento é tornar a evacuação um evento sem traumas, o que reduziria a dor abdominal e a flatulência, e consequente distensão abdominal. Nos casos com diarréia, o objetivo é a redução da urgência evacuatória e da freqüência de evacuações.
O tratamento da constipação consiste na utilização de fibras e de aceleradores do trânsito intestinal. Nos pacientes com diarréia, utiliza-se medicamentos anti-diarréicos. Deve-se lembrar que estes medicamentos só devem ser utilizados após a realização de um diagnóstico preciso da SII e prescritos por um médico especialista.
Nos casos com cólica intestinal, o uso de medicação anti-espasmódica relaxa a musculatura intestinal, levando a diminuição do quadro doloroso. No entanto, deve-se lembrar que estes medicamentos são efetivos para a dor abdominal, mas apresentam pouco efeito em relação à diarréia e a constipação.
Alguns pacientes se beneficiam do uso de antidepressivos em baixas doses, provavelmente devido à diminuição da sensibilidade intestinal. O uso de antidepressivos traz melhores resultados para pacientes com diarréia, já que um dos efeitos colaterais dos antidepressivos é causar constipação. O uso de antidepressivos é indicado principalmente nos casos em que a dor abdominal é proeminente ou quando outras terapias falharam.
Atualmente novas medicações vêm sendo testadas, principalmente os agonistas e antagonistas da serotonina, que é uma substância estimuladora da função intestinal. No entanto, como estes medicamentos podem apresentar efeitos colaterais cardiovasculares, obstipação severa e colites isquêmicas, o seu uso ainda é muito restrito e controlado. Em relação à flatulência, alguns estudos sugeriram a utilização de antibióticos para a redução da flora intestinal, que seria a responsável pela formação dos gases. No entanto, não conseguiu se provar que ocorra um aumento desta flora em pacientes com SII, e por isso esta conduta não é adotada por mim em relação aos meus pacientes.

O que é? A Síndrome do Intestino Irritável (SII) é distúrbio gastrointestinal que se caracteriza-se pela presença de dor abdominal crônica e pela alteração do hábito intestinal, na ausência de qualquer causa orgânica. Esta doença afeta de 10 a 15% das pessoas em todo o Mundo. Destes pacientes, apenas 15% procuram ajuda médica, mas como […]
01 fev 06

O que é?

Gastrite é a inflamação da camada mais interna do estômago, a mucosa. Pode estar localizada em alguma região do estômago, ou estar atingindo toda a extensão deste órgão. A gastrite é dividida em aguda ou crônica. A aguda é autolimitada, ou seja, a inflamação desaparecerá em um curto tempo. Em contrapartida, a gastrite crônica persiste por longos períodos de tempo.

Causas

A gastrite é causada por substâncias que irritam a mucosa do estômago e através de infecções (vírus e bactérias), que levam ao processo inflamatório.
Algumas substâncias como os medicamentos antiinflamatórios, o álcool, o cigarro, café, os doces em excesso e os alimentos condimentados estão relacionados ao surgimento da gastrite. Algumas infecções virais também são causadoras de gastrite, principalmente na forma aguda. Os hábitos alimentares também têm papel relevante no surgimento da gastrite, como o jejum prolongado durante o dia, e o excesso na ingestão de gorduras e frituras.
Estas substâncias levariam a um defeito na barreira de proteção que protege a mucosa do estômago em relação ao ácido gástrico utilizado na digestão dos alimentos. Sendo assim, o ácido produzido no próprio estômago agiria como irritante da mucosa, causando o processo inflamatório.
As gastrites crônicas, por sua vez, estão relacionadas à infecção pela bactéria Helicobacter pylori. Esta bactéria vive muito bem em lugares com muito ácido, como o interior do estômago, e tem como característica destruir a barreira de proteção da mucosa contra o ácido. A infecção por esta bactéria é mais comum em lugares com condição sócio-econômica mais precária, e a transmissão se dá por via oral-fecal. A infecção prolongada pelo Helicobacter pylori pode levar ao desenvolvimento de gastrite atrófica, atrofia do estômago, e até mesmo câncer de estômago. Desta forma, pacientes com dores de estômago crônicas devem procurar um médico especialista para o diagnóstico e tratamento da infecção por esta bactéria.

Sintomas

Os sintomas mais comuns da gastrite são dor de estômago caracterizada por queimação, sensação de “empachamento” após as refeições, distensão do abdome na região do estômago, má-digestão, náuseas e vômitos, eructações (arrotos) freqüentes, soluços e azia.
Nos casos mais graves, pode haver sangramento do estômago devido ao processo inflamatório, e então a gastrite é denominada de gastrite hemorrágica. Nestes casos, o paciente apresentará vômitos com sangue e evacuação de fezes muito escurecidas e com odor fétido (chamadas de melena) devido a presença do sangue.
O exame físico de pacientes com gastrite apresenta pouca alteração, como desconforto discreto à palpação do estômago. Nos casos com gastrite hemorrágica, o paciente apresentará sintomas relacionados ao sangramento, como a queda da pressão arterial, palidez da pele, sudorese e aumento da freqüência cardíaca.

Diagnóstico

O diagnóstico da gastrite é realizado através da Endoscopia Digestiva Alta. Este exame permite a visualização de toda a mucosa do estômago, tornando o diagnóstico da gastrite muito evidente. Através da endoscopia digestiva também é possível a realização de biópsias, que permitem o diagnóstico histológico (microscópico) da gastrite, assim como a pesquisa da bactéria Helicobacter pylori.
Deve-se chamar a atenção para os pacientes com mais de 55 anos e naqueles com sinais de alarme como sangramento, anemia, perda de peso não intencional, vômito persistente, história familiar prévia de câncer gastrointestinal. Estes pacientes devem realizar a endoscopia digestiva em caráter de urgência, para a exclusão de gastrite hemorrágica, úlceras e câncer de estômago.
O diagnóstico da infecção por Helicobacter pylori também pode ser realizado através das fezes, de testes respiratórios e exames de sangue.

Tratamento

O tratamento inicial da gastrite está relacionado aos hábitos alimentares. Os pacientes devem evitar alimentos muito condimentados, frituras e gorduras, doces e chocolates, café, refrigerantes, balas, chicletes e álcool. Também deve ser realizada dieta regrada com horários definidos. Os pacientes com gastrite devem realizar dietas fracionadas, ou seja, alimentar-se várias vezes ao dia, mas com quantidades menores de alimentos. Desta forma, os alimentos reagiriam com o ácido gástrico durante grande parte do dia, e este último não causaria a inflamação da mucosa.
Em relação ao tratamento medicamentoso, este é feito com remédios que diminuam a acidez do estômago, permitindo assim, que a mucosa cicatrize, e cessando a queixa de queimação. Além disso, em alguns pacientes, está indicada a utilização de medicamentos pró-cinéticos, ou seja, que promovam o esvaziamento mais rápido do estômago. Estes medicamentos diminuem a distensão do abdome e a sensação de empachamento.
Nos pacientes portadores de infecção por Helicobacter pylori, o tratamento consiste no uso de medicações que diminuam a acidez no estômago, tornando o ambiente menos favorável à bactéria, além do uso de antibióticos específicos.

O que é? Gastrite é a inflamação da camada mais interna do estômago, a mucosa. Pode estar localizada em alguma região do estômago, ou estar atingindo toda a extensão deste órgão. A gastrite é dividida em aguda ou crônica. A aguda é autolimitada, ou seja, a inflamação desaparecerá em um curto tempo. Em contrapartida, a […]