16 ago 18

No último dia 08 de agosto, o Dr. Fernando Valério, em parceria com a Omint, ministrou a palestra “Estilo de vida e promoção da saúde” no banco americano Goldman Sachs.
A discussão foi muito proveitosa e se abordaram temas como os riscos de um estilo de vida inadequado, aspectos motivacionais e táticas de comportamento para mudanças de atitude. E obviamente, falou-se muito sobre a prática alimentar correta, sem manias ou vícios da moda.

Foi uma ótima oportunidade para se discutir com profundidade os resultados de um estilo de vida mais adequado, com mudanças na alimentação e na prática de atividades físicas. Durante a palestra discutiu-se as consequências destes erros comportamentais, como o aumento do risco de infarto agudo do miocárdio, da obesidade,  de acidente vascular cerebral, doenças demenciais, tumores malignos, alterações ósseas e articulares, e perda de massa muscular. Mas também foi possível mostrar possibilidades e táticas para uma mudança produtiva, racional, baseada em comprovações médicas e não em modismos.

No último dia 08 de agosto, o Dr. Fernando Valério, em parceria com a Omint, ministrou a palestra “Estilo de vida e promoção da saúde” no banco americano Goldman Sachs. A discussão foi muito proveitosa e se abordaram temas como os riscos de um estilo de vida inadequado, aspectos motivacionais e táticas de comportamento para […]
19 jun 18

A Gastroenterologia é a especialidade médica ligada ao estudo dos distúrbios digestivos. A Nutrologia é a especialidade médica relacionada ao estudo dos alimentos e a sua relação com a nossa saúde e doenças. Como o aparelho digestivo tem como principal função a ingestão, digestão e absorção dos alimentos, é óbvio que o estudo destas especialidades se complementam de maneira muito produtiva.  Na minha prática médica vivo isto de maneira muito interessante, já que o profundo entendimento das doenças digestivas me permitem entender as alterações ocorridas e as suas consequências, avaliar e solicitar os exames necessários prontamente, indicar tratamentos medicamentosos e, principalmente, orientar a alimentação e dieta a serem seguidas.

O gastro nutrólogo pode atuar em diversas doenças digestivas e trazer ótimos resultados aos seus pacientes, visto que consegue ter uma visão global de tudo que envolve a doença digestiva e os seus aspectos alimentares. Vou citar abaixo algumas doenças em que a abordagem de um gastroenterologista nutrólogo pode ser muito útil:

Doença diverticular (diverticulose) e diverticulite aguda:
Orientar a alimentação adequada para que pacientes com doença diverticular não sofram com novas crises de diverticulite aguda. E também orientar tratamentos medicamentosos (antibióticos) e dieta durante o quadro de diverticulite aguda, e posteriormente a   crise.

Doença Celíaca (intolerância ao glúten), intolerância à lactose, sensibilidade ao glúten não celíaca e alergias alimentares:
O médico pode através da história clínica suspeitar de algumas destas alterações do aparelho digestivo, solicitar os exames laboratoriais e de imagem (endoscopia digestiva alta), corrigir as consequências nutricionais destas alterações, e indicar uma dieta adequada como forma de tratamento.

Diarreia e constipação crônica:
Avaliar as possíveis causas de diarreia (infecciosas, doenças funcionais e inflamatórias), indicar tratamentos medicamentosos e dieta constipante. Por outro lado, também pode avaliar os motivos de alterações de defecação e constipação intestinal, além de orientar dieta rica em fibras e laxativas.

Aumento de gases intestinais e Síndrome do Intestino Irritável (SII):
Tratar os pacientes que sofrem da SII com medicamentos específicos, e orientar quais os alimentos que podem levar ao aumento da flatulência (gases) e diarreia.

Doenças inflamatórias intestinais:
As colites, como a Doença de Crohn e a Retocolite ulcerativa, são doenças complexas e que podem evoluir com quadros de deficiência de minerais, vitaminas e proteínas. Por isso o gastroenterologista nutrólogo deve se preocupar em fazer uma avaliação da composição corporal e dos níveis de vitaminas e minerais no sangue, com a possibilidade de correção destes distúrbios nutricionais consequentes à inflamação intestinal.

Gastrite, dispepsia, refluxo gastroesofágico e esofagite:
O esôfago e estômago são os primeiros órgãos do aparelho digestivo a receberem os alimentos após a deglutição, e portanto podem sofrer com a ingestão de alimentos que tragam algum desconforto ou lesão. Na prática médica, é possível que se faça a avaliação destas lesões através de endoscopia digestiva alta, que se trate com medicamentos específicos e que se oriente a parte alimentar.

–  Esteatose hepática:
A esteatose é o aumento do depósito de gordura no fígado, e está muito relacionado a obesidade e aumento de glicemia/diabetes. Nestes casos é importante avaliar a integridade do fígado e prevenir inflamações decorrentes do depósito de gordura no órgão, assim como orientar uma alimentação adequada para o controle da obesidade e de glicemia e diabetes.

Descrevi neste artigo as alterações digestivas mais importantes e que trato em minha prática clínica associando os conhecimentos de gastroenterologia e nutrologia,  e mostrando como as associação das duas especialidades é interessante e extremamente produtiva aos pacientes que sofrem com estes distúrbios.

 

Dados do autor:
Dr. Fernando Valério
Gastroenterologista, Nutrólogo e Proctologista
São Paulo, SP
Consultas: particulares e Omint

A Gastroenterologia é a especialidade médica ligada ao estudo dos distúrbios digestivos. A Nutrologia é a especialidade médica relacionada ao estudo dos alimentos e a sua relação com a nossa saúde e doenças. Como o aparelho digestivo tem como principal função a ingestão, digestão e absorção dos alimentos, é óbvio que o estudo destas especialidades se […]
17 ago 17

Todos os dias somos bombardeados com comerciais e propagandas que nos estimulam a comprar produtos que poderiam melhorar a nossa flora intestinal e o funcionamento do nosso sistema digestivo. Estas ofertas variam desde alimentos comuns, como iogurtes e laticínios fermentados, a medicamentos como os probióticos, prebióticos e simbióticos. Mas será que há uma razão para isto, ou este é apenas um aspecto comercial sem fundamento? A resposta é: a nossa flora intestinal é muito importante para a nossa saúde e devemos estar atentos a este tema. Atualmente, com o desenvolvimento de técnicas mais avançadas, foi possível revelar a complexidade e a diversidade das funções da nossa flora intestinal. Mais do que isto, podemos afirmar que alterações na composição e equilíbrio da nossa flora intestinal, o que denominamos disbiose, estão associadas a inúmeras doenças gastrointestinais. Mas a dúvida que ainda remanesce é se a disbiose é a causa ou a consequência destas doenças. (mais…)

Todos os dias somos bombardeados com comerciais e propagandas que nos estimulam a comprar produtos que poderiam melhorar a nossa flora intestinal e o funcionamento do nosso sistema digestivo. Estas ofertas variam desde alimentos comuns, como iogurtes e laticínios fermentados, a medicamentos como os probióticos, prebióticos e simbióticos. Mas será que há uma razão para […]
18 abr 17

Nós vivemos um momento social em que a ingestão do glúten passa por diversos questionamentos e dúvidas. Na minha opinião, existe uma série de exageros, modas e mitos a este respeito, além de muitas informações divulgadas sem respaldo científico comprovado e feito por pessoas sem capacidade profissional para emitirem estes pareceres. O que traz preocupação é que algumas pessoas realmente apresentam distúrbios digestivos ligados ao glúten, e que podem ter o seu diagnóstico retardado em razão da banalização deste tema. Estas doenças podem levar de um discreto comprometimento da qualidade de vida pessoal e social até doenças e sintomas graves. São exemplos destes distúrbios intestinais ligados ao glúten a doença celíaca (intolerância ao glúten), a alergia e a sensibilidade ao glúten. O tema deste artigo é discutir as indicações dos exames e quais destes são realmente úteis para o diagnóstico da doença celíaca. Infelizmente há no mercado uma serie de exames caros e sem fundamentação médica, e sem utilidade para o diagnóstico da doença celíaca, e por isso esta acredito que esta descrição seja importante.

O glúten é uma proteína encontrada no trigo, centeio e cevada. Por isso, todos os alimentos que contenham esta proteína deverão ser evitados por pacientes com a doença celíaca. São alguns exemplos destes alimentos as bolachas, massas, sorvetes, pães, pizzas, cervejas, refrigerantes e chocolates. A doença celíaca é uma doença gastrointestinal crônica, que afeta 1% da população, e que leva a um processo inflamatório na mucosa do intestino devido a uma resposta imunológica em pessoas geneticamente susceptíveis ao glúten. Ou seja, o nosso organismo reconhece o glúten como um “agressor”, e tenta neutralizá-lo através de anticorpos que nós mesmos produzimos. O problema é que estes anticorpos também agem contra a nossa mucosa intestinal, prejudicando a integridade e funcionamento do nosso intestino. Esta resposta inflamatória exagerada pode causar uma variedade de sintomas intestinais e extra-intestinais, como a deficiência de nutrientes (vitaminas do complexo B e D, ferro, cálcio, intolerância à lactose), osteoporose, anemia, crescimento inadequado, doenças auto-imunes (hepatite, diabetes, tireoidite) e tumores (principalmente o linfoma). Esta gama de complicações que podem surgir durante a vida destes pacientes é o que justifica o esforço para que o diagnóstico seja realizado o quanto antes. Sabe-se que diagnósticos precoces são essenciais para o que se previnam estas complicações.

Como a doença celíaca pode se apresentar com sintomas discretos ou até mesmo atípicos, esta possibilidade diagnóstica às vezes não chama a atenção do médico, o que prejudica e muito as chances de um diagnóstico precoce. A falta de atenção para esta possibilidade desta doença é tão comum que o intervalo entre o começo dos sintomas e a confirmação da presença da doença celíaca é em média de 12 anos. Por isso, um grande grupo de situações impõe aos médicos a necessidade de triar estes pacientes para um possível diagnóstico da doença celíaca. São exemplos destas situações dor e distensão abdominais, flatulência e aumento de gases intestinais, diarreia crônica, anemia causada por deficiência de ferro, síndrome do intestino irritável, osteopenia e osteoporose, retardo na puberdade e crescimento, baixa estatura, vômitos recorrentes, irritabilidade, perda de apetite (anorexia), fadiga crônica, doença hepática auto-imune, doença de tireoide auto-imune, elevação de enzimas hepáticas e perda de peso inexplicada.

O diagnóstico de certeza para a doença celíaca é realização de endoscopia digestiva alta, com biópsia intestinal (duodeno). No momento do exame e da biópsia, para que o diagnóstico seja firmado com maior tranquilidade e certeza, é preciso que o paciente esteja com dieta normal em relação ao glúten, ou seja, ingerindo regularmente esta proteína. A biópsia mostra a atrofia das vilosidade intestinais e o processo inflamatório característico da doença.

No entanto, o exame endoscópico é invasivo, requer sedação, além de ter um maior custo quando se pensa em triagem de grandes grupos. Por isso, os exames sorológicos (sangue) são tão importantes. Os exames laboratoriais confirmam a presença de anticorpos que reagem à presença do glúten na nossa alimentação, e que em níveis sanguíneos elevados podem representar o diagnóstico de doença celíaca. Os mais utilizados são os anticorpos antiendomísio, antitransglutaminase tecidual (teste preferido) e antigliadina (deamidada). Mas é importante lembrar que estes exames laboratoriais são sempre usados como triagem, e que o diagnóstico definitivo será feito através de biópsia intestinal colhida em endoscopia digestiva alta.

Um outro ponto importante para se discurtir a respeito do diagnóstico de doença celíaca são os testes genéticos. Esta doença tem um enorme componente genético, e por isso parentes de primeiro grau são muito mais sujeitos a manifestar a doença. Por isso realizam-se também testes genéticos de suscetibilidade, como o exames HLA DQ2 e DQ8. Mas lembro que estes exames genéticos não mostram ou confirmam a presença da doença no momento, e sim um risco potencial. Para que se tenha uma boa ideia sobre este exame, mais de 30% da população de pele branca apresenta positividade para estes testes, mas somente 4% destas pessoas com exame positivo realmente desenvolverão a doença.

Conclui-se portanto que os exames laboratoriais são muito úteis quando há suspeita de doença celíaca, e que o diagnóstico precoce é muito importante quando se pensa em prevenir as complicações desta doença e que a biópsia intestinal é realmente o exame que confirma a doença. E uma informação muito importante! Não se começa uma dieta sem glúten até que um diagnóstico seja realmente estabelecido. Não há razão para se causar um transtorno pessoal, social e financeiro sem a confirmação de que o glúten realmente causa alguma alteração digestiva.

 

Dados do autor:
Dr. Fernando Valério
Gastroenterologista, Nutrólogo e Proctologista
São Paulo, SP
Consultas: particulares e Omint

Nós vivemos um momento social em que a ingestão do glúten passa por diversos questionamentos e dúvidas. Na minha opinião, existe uma série de exageros, modas e mitos a este respeito, além de muitas informações divulgadas sem respaldo científico comprovado e feito por pessoas sem capacidade profissional para emitirem estes pareceres. O que traz preocupação […]
29 jul 15
Aspectos nutricionais da Doença de Crohn e da Retocolite Ulcerativa

A manutenção da saúde humana requer a ingestão contínua de nutrientes, assim como a sua digestão e absorção, o que só é possível quando o nosso trato digestivo funciona de maneira adequada. No entanto, muitas alterações digestivas interferem na digestão normal. A Doença de Crohn (DC) e a Retocolite Ulcerativa Idiopática (RCUI) são doenças do trato digestivo que se caracterizam por um proeminente processo inflamatório intestinal, repercutindo no processo digestivo e trazendo assim repercussões nutricionais evidentes. Desta forma, este artigo discute as principais alterações nutricionais decorrentes destas doenças e dos seus tratamentos. (mais…)

A manutenção da saúde humana requer a ingestão contínua de nutrientes, assim como a sua digestão e absorção, o que só é possível quando o nosso trato digestivo funciona de maneira adequada. No entanto, muitas alterações digestivas interferem na digestão normal. A Doença de Crohn (DC) e a Retocolite Ulcerativa Idiopática (RCUI) são doenças do […]
09 jun 15
Prebióticos e Probióticos: o que são e o que fazem para a nossa saúde?

Dr Fernando Valerio - Blog - Próbioticos
O trato gastrointestinal humano constitui o habitat de uma comunidade bastante grande e diversificada de microrganismos (bactérias). A colonização do trato gastrointestinal inicia-se imediatamente após o nascimento. Durante os primeiros dias de vida, o intestino é colonizado por bactérias provenientes do ambiente e da mãe. Entre 10 a 20 espécies compõem em torno de 90% das células bacterianas que ocupam o intestino humano. A mudança para microbiota adulta acontece após o desmame e, já no segundo ano de vida, a constituição da microbiota intestinal torna-se similar àquela de um adulto e mantém-se relativamente estável ao longo da vida. A quantidade e variedade de microrganismos aumentam progressivamente desde o estômago até o cólon. Em um indivíduo adulto, o trato gastrointestinal contém 10 vezes mais bactérias do que o número de células do corpo humano inteiro. Como esses microrganismos são metabolicamente ativos e interagem continuamente com o seu ambiente, são capazes de exercer uma influência significativa no desenvolvimento e na fisiologia do hospedeiro. Os prebióticos são ingredientes de alimentos que beneficiam o organismo do hospedeiro estimulando o crescimento e/ou o aumento da atividade de um número limitado de espécies de bactérias, gerando seletividade no cólon e possíveis benefícios à saúde e ao bem-estar dos indivíduos. Os probióticos são definidos como microrganismos vivos os quais conferem benefícios de saúde ao hospedeiro, quando administrados em quantidades adequadas. Sendo assim, o objetivo deste artigo é discutir do que se tratam os prebióticos e probióticos, assim como os seus possíveis efeitos à nossa saúde. (mais…)

O trato gastrointestinal humano constitui o habitat de uma comunidade bastante grande e diversificada de microrganismos (bactérias). A colonização do trato gastrointestinal inicia-se imediatamente após o nascimento. Durante os primeiros dias de vida, o intestino é colonizado por bactérias provenientes do ambiente e da mãe. Entre 10 a 20 espécies compõem em torno de 90% […]